90 anos depois de conflagrado o movimento revolucionário no Rio Grande do Sul, um rico debate reuniu acadêmicos gaúchos e de outras terras brasileiras, sob moderação da historiadora Glaucia Konrad, em busca da atualidade do projeto nacional-desenvolvimentista.
Pedro Dutra Fonseca abriu as exposições discorrendo sobre o Projeto Nacional na Revolução de 30. O professor realçou o caráter transformador do Brasil de então, evoluindo de sociedade agrária a urbana e industrial, com substituição de importações e o mais acelerado crescimento econômico global nos cinquenta anos seguintes. Se antes os insurretos brandiam movimentos regionais, a partir de 30 a vitória leva à unidade nacional para superar o modelo que privilegiava exportações agrícolas em detrimento e com o sacrifício do mercado interno.
Se os descontentes de 32 queriam ver de volta a Constituição de 1891, ao fim da segunda guerra a UDN pretendia remover, além da ditadura, a propriedade estatal da CSN e o direito de férias, concluiu o autor de Vargas, capitalismo em construção.
A Luiz Alberto de Vargas, dos Juízes pela Democracia, coube detalhar a relação do “chefe mais amado da Nação” com os trabalhadores. O desembargador do TRT 4 situou o projeto de Getúlio como alternativa às vitoriosas revoluções socialistas de então.

Classificando o governo revolucionário como social-democrata, uma rede jurídica de proteção ao trabalhador foi criada com o Ministério do Trabalho e uma série de garantias legais, entre elas a liberdade de organização sindical, reajuste anual e Justiça do Trabalho, que culminaram em 1943 com a Consolidação das Leis do Trabalho.
O magistrado observou que certa parte dos que se dizem hoje “progressistas” e “de esquerda” subestimam o papel de Vargas e do projeto nacional no processo de emancipação dos trabalhadores.
E foi discorrendo sobre dependência e nacional-desenvolvimentismo que Renato Rabelo concluiu a aula magna de 3 de Outubro. Sempre que se tratou de industrialização sob controle nacional e aumento do poder aquisitivo dos trabalhadores, o mercado interno dinamizou-se e o crescimento econômico foi resultado marcante.
Assim foi no Brasil de 30 a 80 do século passado, assim é na China e na Coreia do Sul desde então. O proclamado “fim da era Vargas” reprimarizou a economia brasileira e fez crescer continuamente a dependência externa e financeirização econômica local, com o consequente aumento da pobreza entre os brasileiros.
O presidente da Fundação Maurício Grabois citou o General Nelson Werneck: “a construção da Nação brasileira é etapa insubstituível na transformação da sociedade, rumo ao socialismo”. Estando novamente o Brasil na periferia internacional pela sua dependência econômica, tecnológica e cultural, a questão nacional é central como pressuposto para a democracia e progresso social. Ao oferecer um novo projeto nacional de desenvolvimento, Rabelo arrematou: esse é o caminho brasileiro a seguir.
Precedeu os debates um vídeo sobre a viajada de 30:
15 comentários em “Projeto de Nação na Revolução de 30 e nos dias de hoje”