Quadrinhos – parte I

A imagem ao lado é da bela obra de Álvaro de Moya, comemorativa dos 50 anos da primeira exposição internacional de quadrinhos no Brasil.

O autor do livro e seus jovens companheiros dos anos 1940 trabalharam uma década até inaugurar a mostra em junho de 1951.

Malditos eram os quadrinhos entre as autoridades brasileiras naquele então.

A tira do rodapé, produzida pela Studioarte trazia “pérolas” de certa intelectualidade:

  • “distrai o espírito do público, desviando dos grandes problemas dos nossos tempos”
  • “não só enfermam o espírito das crianças como a despersonalizam”
  • “a criança perde o interesse pela leitura devido o excesso de ilustrações”

A reação não intimidou os bravos quadrinistas, que encontraram “naqueles comunistas do Bom Retiro” o espaço para expor as pranchas originais que haviam recebido pelo correio de renomados artistas estadunidenses como Will Eisner, que comenta no livro do hemicentenário, Al Capp, Hal Foster e outros pioneiros da ilustração mundial.

O volume dos 50 anos foi-me presenteado por Claudio Campos que, além de prócer da nacionalidade, era fã da arte. Nas suas inesquecíveis palavras, disse-me: “deve ser coisa do seu pai e seus amigos do Bom Retiro”. De fato, o Centro de Cultura e Progresso trazia tudo o que havia de mais avançado à cena paulista na sua modesta sede. Seus dirigentes, imigrantes oriundos do leste europeu, também organizaram desde a modesta sede na Rua José Paulino a solidariedade às vítimas da Segunda Guerra e deram berço à Casa do Povo, já em construção na época.

Editora Ópera Graphica

Nossos agradecimentos e homenagens a Alvaro de Moya, Jayme Cortez, Syllas Roberg, Reinaldo de Oliveira, Miguel Penteado e à diretoria do Centro de Cultura e Progresso pela marcante obra cultural.

A obra V de Vingança foi originalmente desenhada em quadrinhos.

Continua

To be continued… A continuación…

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.