Vimos na TV, na véspera, o vibrante V for Vendetta (vingança), versão nada vitoriana da vitória da vida sobre o vírus. O viço da verdadeira vítima em vergar o velhaco vitalício.
Com uma frase que bem poderia ter sido essa que V se apresenta aos espectadores, quando se encontra com a jovem heroína do filme.
A trama desenvolve-se na Inglaterra de aqui a alguns anos tem início em uma pandemia gripal que, junto com uma experiência medicinal com cobaias humanas e o envenenamento das represas, dá início à ditadura do Chanceler Supremo. O domínio do poder pelo Fogo Nórdico e seus Homens-dedo teria feito do Reino Unido o último bastião da Ordem, quando os EUA encontravam-se já decadentes por uma nova guerra civil.
Qualquer semelhança da história em quadrinhos do fim do século passado e o Brasil de hoje não se limita ao pedido de aniversário presidencial por um Estado de Sítio para o Capitão Messias comandar. As ofensas aos estrangeiros e a megalomania de Sutler (nome de apenas duas letras trocadas com a matriz) também trazem más lembranças do agir atual.
Evey, a jovem cujo irmão pereceu na peste e pais morreram na intolerância da ditadura, aprende o valor da liberdade com V, cumpre o papel decisivo para por fim à opressão. V, sobrevivente das chacinas de vinte anos antes, encarrega-se diretamente de eliminar os responsáveis mais perniciosos do morticínio, até chegar ao próprio Sutler.
O filme termina com o povo na rua vivendo sem máscaras quando o toque de recolher foi finalmente substituído por lindos fogos de artifício, a famosa invenção chinesa a decorar os céus de Londres.
Fica a dica para aproveitar 132 minutos de isolamento social. Está na programação da HBO.
PS: no meu assistir, o filme não trata de vingança, mas da destruição do velho para abrir espaço à construção do novo.
A propósito, acabei de ouvir, mais disperso do que atento, um certo personagem, talvez o governador de MG, dizendo algo como “agora, direitos não são importantes. O que interessa é a ‘saúde pública’”.
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Great post.
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