Seminário de Estudos avançados – Mesa 1

Nos debates sobre a realidade brasileira, a primeira mesa, sob a coordenação de Altair Freitas, da Escola Nacional João Amazonas, contou com as presenças da engenheira Luciana Santos, presidente do PCdoB e Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, do cientista político Luis Fernandes, professor da UFRJ e PUC/RJ, e Nivaldo Santana, secretário nacional sindical do partido.

Luciana abriu os trabalhos indicando que, para garantir o sucesso do governo Lula, a principal tarefa é a reconstrução nacional. Se a frente ampla foi imprescindível para a vitória, por pequena margem e não definitivamente, e a transição eleitorais, segue em primeiro plano a conjunção de forças para promover o desenvolvimento independente do país.
A necessidade de reativar a economia, reajustar os salários, reindustrializar o país, vacinar mais 39 milhões de brasileiros e garantir o ambiente democrático, entre tantas questões, contam com a inteligência coletiva e a atuação militante do PCdoB na sua resolução.

Fernandes explicou que a lógica do desenvolvimento capitalista atual é a da acumulação financeira. Embora a China tenha crescido muito nos últimos anos, o mundo não pode ainda ser considerado multipolar, pois os EUA tem mais poderio militar que os dez países seguintes da lista.
A nova configuração internacional, no entanto, abre espaço para novos projetos nacionais de desenvolvimento, mais ou menos antiimperialistas. Exemplo é a própria China, de orientação socialista, mas operando nos marcos do capitalismo.
É a oportunidade de o Brasil retomar o projeto do início do século 20, criando e reconstruindo complexos industriais da defesa, saúde, energia; transição digital; e programa nuclear e espacial com base tecnológica nacional. Com a vantagem de os fundos de investimentos de C&TI estarem completos logo no início do mandato presidencial.

Nilvaldo partiu das lições da “era de ouro” do capitalismo brasileiro, que sob Getúlio e Jango construiu um parque industrial estatal e privado portentoso e uma numerosa classe operária, secundada por amplas camadas médias.
A crescente introdução do capital estrangeiro no país fez o crescimento reduzir e a indústria definhar de 30% para 10% do PIB, nos anos 80 e seguintes, com a reprimarização da economia brasileira. Brasil virou grande importador de produtos de maior valor agregado.
Ao lado da desestruturação da economia produziu-se a degradação social, abrindo espaço para o fanatismo religioso e o negacionismo. O Estado adquiriu feições de repressor, pagador de juros e gestor da pobreza.
Mesmo em situação de repetidas vitórias eleitorais, lembrou o dirigente, os agentes do neoliberalismo trataram de enquadrar os eleitos com juro alto, câmbio desfavorável e salários e direitos reduzidos. Além de isolar o fascismo, concluiu, é tarefa da frente ampla avançar nas mudança estruturais, com investimentos industriais e sociais, mais empregos e melhores salários
Renato Rabelo, presidente da Fundação Maurício Grabois lembrou que, se antes os comunistas eram alvo do governo Bolsonaro, agora são agentes da reconstrução nacional.
Confira também a abertura do seminário.
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