Seminário de Estudos avançados – Mesa 2

Dando sequência aos desafios do novo governo, em a realidade brasileira, o ex-deputado federal Aldo Arantes conversou com o professor João Cezar de Castro Rocha, a jornalista Renata Mielli e o sociólogo Sergio Amadeu sobre como derrotar o bolsonarismo insepulto no campo das ideias.
Aos debatedores, Arantes trouxe a questão: como trazer de volta ao bom convívio nacional milhões de brasileiros que acreditaram nas ideias negacionistas. É a guerra cultural.

Titular de Literatura Comparada da UERJ, João Cezar explicou sobre a máquina de produção de narrativas colonizadoras, voltada a criar inimigos imaginários e manter mobilizada a base, fortemente engajada nas redes sociais.
A viralização de fatos inverídicos tem sido usada para impactar uma parcela de 1 a 2% do eleitorado que, em uma eleição apertada, pode ser suficiente para inverter o resultado final.

Desde o início da era do rádio, as novas tecnologias de comunicação serviram mais aceleradamente ao aprofundamento do domínio do capital sobre o trabalho do que o oposto, relembrou Mielli.
A jornalista e secretária nacional de Comunicação do PCdoB destacou que as gigantes do setor de tecnologia têm dado base a individualização do trabalhador – o chamado “empreendedorismo” -, com a redução de direitos sociais e da proteção do Estado.
Com conteúdos de forte apelo emocional, os algorítmos filtram o que cada um vai ver, de acordo com as muitas informações coletadas de praticamente todos os seres humanos, conectados que estão em rede. É ferramenta que tem sido bem usada pelo fascismo negacionista, com a disseminação de imagens ilusórias, acompanhadas de bem poucas palavras. Explicar como as coisas de fato são e formar consciência geral sobre a realidade exigem textos mais extensos, mas não se deve abrir mão da produção de materiais de impacto imediato para disseminar as ideias revolucionárias, concluiu Renata.

Já o sociólogo e professor Sergio Amadeu criticou a “liberdade baseada na força”, conceito usado para atrair jovens rebelados contra o “sistema e o politicamente correto”. “A ideia é que a família tenha sólidos valores de mercado, abandonando os direitos sociais e econômicos”.
Em um mundo em que a Apple fatura três vezes o PIB argentino, a extração de dados pessoais dos brasileiros pode ser comparada ao que foi a corrida do ouro de antes.
Amadeu defendeu a regulação das plataformas e o fim da alienação tecnológica no país, como vacina contra o fundamentalismo religioso e a exploração popular pelo capital financeiro, afinal entre os preceitos da soberania nacional está a tecnodiversidade. “Meios digitais organizam pessoas econômica e territorialmente; usar a inteligência coletiva para reorganizar em uma sociedade sem exploradores”, concluiu, parafraseando Gramsci.
Três orientações para melhor usar as redes sociais na luta de ideias:
- Nunca reverberar a extrema direita; recorrer à Justiça; estabilidade política e mental para o governo.
- Monitoramento e punição – Bolsonaro deveria ter sido cassado lá atrás, por incitar a ditadura enquanto deputado. Apoiar o governo da frente ampla, os avanços já realizados.
- Produção de conteúdo audiovisual.
Confira também a abertura do seminário e a Mesa 1 – Os desafios do novo governo Lula.
Por gentileza, há alguma forma de assistir ao Seminário de Estudos avançados – Mesa 2 virtualmente? O evento fica gravado para acesso posterior? Grata.
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Grato por perguntar, Telma. O evento foi gravado, os organizadores comprometeram-se a divulgar os linques após a edição. Então atualizaremos as matérias das cinco mesas.
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