A identidade comunista

Seminário de Estudos avançados – Mesa 4

Dando sequência aos debates sobre a realidade brasileira, a identidade comunista em tempos de um capitalismo em crise e de mutações na dinâmica da acumulação e dominação foi abordada pelos professores João Quartim de Moraes, Marcos Aurélio da Silva e Mariana Venturini.

Conduzindo os trabalhos, o doutor Aloísio Barroso lembrou que o “O comunismo surgiu como sociedade secreta, clandestino”, bem como que “as obras de Lenin, Stalin, Mao foram objeto de milhares de infâmias”. Associando rigor com vigor na luta ideológica, o diretor da Fundação Maurício Grabois destacou o programa socialista do PCdoB como guia unificadora da prática do partido.

O veterano mestre historiou o surgimento da expressão “comunismo” referindo-se a Karl Marx. Para o autor do Manifesto Comunista, trata-se do movimento real que supera o estado de coisas do momento, não algo que deva ser instaurado.

Traduzindo para os modernos partidos comunistas surgidos após a vitória da Revolução de Outubro na Rússia, Quartim enfatizou que o modo capitalista de produção de riqueza é o objeto de superação quando dadas as condições concretas para que o proletariado o faça, alcançando a democracia real, com trabalho, educação e saúde para todos.

Estudioso de Gramsci e Losurdo, Marcos Aurélio explicou que a “miséria material da classe operária na Inglaterra era consequência do desenvolvimento do capitalismo e do colonialismo”. A melhora das condições de vida e o próprio Estado do bem-estar social no pós-guerra foram produto de intensa luta de classe.

A luta de classes manifesta-se em diversas etapas da história: na declaração dos direitos humanos, nas lutas pela independência, pela emancipação das mulheres e a aboliação da escravidão. Em complemento, citou: “não se pode ser livre sem todos serem livres”.

A seu turno, a filósofa Mariana Venturini correlacionou a luta feminina com a conquista do comunismo. Tanto o feminismo com o marxismo nasceram sob o signo do capitalismo e do iluminismo.

No século 20 as mulheres obtiveram avanços no status jurídico e social, “saindo da cozinha” e alcançando direitos formais. No entanto, afirma Mariana, a plena emancipação das mulheres exige novo marco nas relações de produção. No período mais recente, o neoliberalismo fez voltar os cuidados sociais do Estado para as famílias, trazendo a mulher de volta para casa e sobrecarregando a sua jornada. É por isso que, tanto no partido como na luta operária, a pauta feminina precisa ser observada ao lado do esforço geral das lutas emancipadoras. Ou, nas palavras de Venturini:

O Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento é o caminho para a libertação do Brasil, no rumo da emancipação das mulheres, ao que precisam aportar a sua energia e ajustar o programa para colocar a questão das mulheres com mais firmeza e benefícios.

Confira também a abertura do seminário e as Mesa 1 – Os desafios do novo governo Lula; 2 – A guerra cultural; e 3 – A cultura brasileira na luta de ideias.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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