Seminário de Estudos avançados – Mesa 3

Após o debate sobre a guerra cultural, em a realidade brasileira, foi a vez da doutora Jandira Feghali e dos professores Demerval Saviani e Fábio Pallacio conversarem sobre a afirmação da cultura brasileira e o trabalho pela hegemonia das ideias e valores progressistas, sob mediação do arquiteto Javier Alfaia.
O ex-presidente da UNE e Secretário nacional de Cultura do PCdoB trouxe a preocupação: “A cultura é um campo de disputa. Sob Bolsonaro, certas manifestações culturais foram valorizadas, outras combatidas”.

A deputada federal e vice-presidente partidária foi relatora da Lei Aldir Blanc e procurou correlacionar a luta cultural com a luta econômica e de classes. Enquanto 33 milhões não tinham comida, o país ganhava 20 novos bilionários durante a pandemia.
A cultura é diversa, é na pluraridade de manifestações culturais que se forma a identidade brasileira. Desde a massificação dos meios de comunicação, no entanto, os brasileiros vêm sendo tratados como consumidores, não como cidadãos.
Para que o Brasil resista à colonização das mentes, Jandira propõe integrar a cultura com a escola, romper o apartheid digital e observar a diversidade nos territórios, para que os valores brasileiros voltem a permear a produção cultural transformadora da cidadania.

Em sua aula, o filósofo Saviani ensinou que a multiplicidade cultural observada no Brasil não é signo de diferentes culturas, pois os valores com que todas as expressões trabalham são comuns, refletindo a mesma maneira de pensar, viver, agir e sentir.
Ele vê na educação a chave para que a democracia avance do aspecto formal ao real. Para isso, um sistema único de educação se faz imperioso, com o mesmo padrão de qualidade em todo o território nacional e responsabilidade pública compartilhada. E sem empresas privadas que visem o lucro operando na formação das novas gerações de brasileiros.

Por fim, Pallacio, editor da revista Princípios, explicou que o trabalho de ideias visa atender à mudança profunda de mentalidade que precisa ocorrer quando novos atores tomam o poder em uma nação.
Ele criticou o fato de a propalada “liberdade absoluta de expressão” ser uma forma, adotada enfaticamente pelo fascismo ressurgente, exatamente para bloquear o livre debate de ideias. Procura-se substituir a realidade material por um sistema de crenças individuais, de forma a dificultar a formação de consciência sobre o meio que nos circunda.
Entre as táticas, a balbúrida, cacofonia, desconfiança nas instituições , de uns para com os outros, à propria verdade. É assim que se usa a teoria da conspiração para buscar culpados e se busca perpetuar a cultura da miséria.
Fábio sintetizou a ode fascista relembrando os sofistas gregos: “justiça é o que se faz no interesse do mais forte”. Ou, como se manifestou o ex-presidente da República: “dar aos fortes o que eles merecem, e deixar que os fracos pereçam”. Uma relação social que precisa ser mudada.
Confira também a abertura do seminário e as Mesa 1 – Os desafios do novo governo Lula e 2 – A guerra cultural.
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