A emancipação nacional e o desenvolvimento independente do Brasil demandam um parque industrial capaz de prover o país de bens e tecnologia sem depender exclusivamente da boa vontade do capital financeiro internacional para com o país.
Com mediação de Abigail Pereira, a TV Grabois apresentou três economistas para debater o tema.
O professor da UFRJ Eduardo da Costa Pinto constatou que os países que mais enriqueceram tiveram como eixo fundamental a indústria. Para seguir-lhes os passos, carece o Brasil de mudança do modelo agrário exportador para outro de cunho industrial. Na periferia, tal transformação não pode prescindir do Estado como condutor.


O planejamento da atividade pública e privada, completou Eduardo, deve ser ousado e contornar a resistência do capital portador de juros, predominante sobre a economia brasileira nos dias de hoje.
A seu turno, Maria de Lourdes Mollo confirmou que não há como promover o desenvolvimento do país com cunho distributivo sem papel deliberado do Estado. Na opinião da a economista da UNB, é a demanda e não a oferta que precisa ser estimulada pela ação pública. A opção por ela apontada recai sobre o mercado interno de bens de consumo, pelo poder encadeante sobre os empregos e salários.
Aloisio Sérgio Barroso expôs o movimento da indústria dos países mais avançados para o sudeste da Ásia, que representou uma perda de oportunidade brasileira e de seus vizinhos sul-americanos no rearranjo da cadeia global de produção.




Barroso lembrou que o crescimento do consumo observado no Brasil baseou-se em importação não só de produtos finais, como também de insumos. Para recuperar o atraso e, no longo prazo, se integrar na produção de “máquinas que operam máquinas”, o doutor pela Unicamp acredita que o país deve começar por infraestrutura, energia, logística, saneamento e politicas públicas que gerem emprego e renda, ao invés de ancorar as expectativas de crescimento no câmbio e nos juros.
Costa Pinto afirmou, com razão, ser a indústria meio para se chegar ao desenvolvimento. Por onde começar a caminhada brasileira após décadas de terra arrasada é questão não de todo nítida. Outras experiências partiram da prioridade exatamente da produção de máquinas que, com o tempo, se reflete no consumo pela ampliação da produtividade do trabalho e da renda. Mas é certo que esta não pode ser meramente drenada ao estrangeiro.
Leituras recomendadas: Unir a Nação e romper com a dependência e A emancipação nacional.
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