
A senhora Solange Srour, economista-chefe do banco Credit Suisse, assegura que a descontinuidade das reformas de Estado fará com que os juros, o câmbio e a inflação subirão, conforme matéria do UOL Economia. A chance de piora cresce se o teto de gastos for extrapolado.
O que ela não conta é que, mesmo se as reformas não forem aprovadas, os juros, o câmbio e a inflação subirão também, de forma relativa e absoluta.
Há economistas acadêmicos, sem vínculo com a especulação financeira, que pensam diferente. Já difundimos aqui Fernando Nogueira da Costa e seu Teto furado e papo furado; Nilson Araújo de Souza e seu Rumos da Economia; e Leda Paulani e sua Ciência econômica, entre tantos.
Quando a ciência é aplicada, no entanto, costuma objetivar um ganho prático. No caso, financeiro. Na ausência da emissão de moeda, ele só pode derivar da base mais fraca da cadeia alimentar, digo econômica, digo social.
Solange parece mirar simultaneamente os dois termos da equação: fazer movimentar o mercado de apostas futuras no juro e no câmbio, que parado não produz transferência de renda; e liberar recursos públicos dos serviços prestados para pagar mais e mais juros.
Vacina, saúde, educação, pesquisa, defesa, tudo isso só “atrai” investidores na medida em que lhes permita prosseguir drenando capital e trabalho para seus cofres. Mesmo os prometidos empregos nas reformas trabalhista e previdenciária não existem.
Não se trata de desorganizar as contas públicas, mas de destinar menos para os juros e mais para os serviços e investimentos públicos, com justiça tributária.
3 comentários em “Reformas de Estado, só se for para reduzir juros e aumentar os serviços e investimentos públicos”