
Conheci a professora Leda Paulani quando era, ela, Secretaria do Planejamento da Cidade de São Paulo e eu Conselheiro Municipal na Subprefeitura da Sé. Seus predicados recomendaram assistir a Aula Magna proferida aos estudantes de Economia da Universidade Federal do ABC paulista. Além de livre-docente e pós-doutora pela USP, Leda é também jornalista e aficcionada pela filosofia, a ciência das ciências.
Inspirada em Cecília Meirelles e Carlos Drummond de Andrade, a palestrante orientou os jovens alunos a considerarem todas as teorias econômicas, mas sempre tendo em vista a sua conexão com a realidade, que teima em geral a desobedecer os ditames dos modelos construídos fora do mundo real.
Estupefaciente exemplo foi o do prêmio Nobel de Economia que, na entrevista pós-laureação, declarou não ter qualquer ideia sobre a política de juros do governo dos EUA, mas apenas dos conceitos abstratos que ele havia projetado.


Ciente da impossibilidade de um mercado realmente livre, capaz de equilibrar preços segundo o desejo de certas teorias econômicas, Paulani explica que, nos dias atuais, a riqueza financeira cresce três vezes mais rápido que a economia real, vivemos um tempo em que o próprio capital virou mercadoria.
A negação da ciência também na economia parece fazer trazer à baila uma dispensa dos porquês das coisas que acontecem no dia-a-dia, bastaria a afirmação de certos acadêmicos que são assim porque seus modelos garantem que são “verdades”. A mestra lembrou que, se de um lado, as projeções não têm base na vida real, de outro sobre ela podem produzir os mais danosos efeitos, talvez levando milhões ao sofrimento e à morte prematura.



Especialista em economia política que é, Leda Paulani concluiu afirmando que é pobre a teoria que privilegia o movimento de capitais, desprezando o valor do trabalho.
Acima de ambas as categorias, a “mercadoria conhecimento” é a mais valiosa à espécie, capaz de revelar os mecanismos da financeirização econômica que obsta a produção e o bem estar geral.
Um comentário em “Ciência econômica, por Leda Paulani”