Ladislau Dowbor: a era do capital improdutivo (partes 6-10/15)

Ladislau Dowbor dispõe da vasta biblioteca digital gratuitamente acessível, que permite, inclusive, baixar sem custos a mídia de seus mais de quarenta livros.

Sua obra A Era do Capital Improdutivo, que corresponde ao período atual e final do desenvolvimento capitalista, serviu de base a um curso do Instituto Paulo Freire, não por acaso chamado de Pedagogia da Economia, com quinze aulas de dez a quinze minutos, também gratuitas.

Já comentamos as primeiras cinco aulas. Vamos à sinopse do segundo bloco:

Sendo o dinheiro mero sinal magnético, parte considerável da liquidez global tem sido deposita nos 60 paraísos fiscais mundo afora, países sem imposto nem controle sobre as finanças. O sistema desorganiza a governança nacional, pois uma empresa vende um produto subfaturado à sua filial oculta, que o repassa, sem trânsito físico, ao mercado mundial, sem impostos sobre a maior parte do preço. Um terço do PIB mundial está depositado nesses bancos secretos, nem sempre de origem lícita, só do Brasil são mais de 500 bilhões de dólares.

Comódites são produtos agrícolas e minerais usados em todo o mundo. Os mesmos 147 grupos subordinados aos 28 gigantes financeiros controlam o fluxo e os preços de mercadorias como energia, grãos e minérios. Produtores e consumidores dispersos se submetem a um número limitado de atravessadores. Dois exemplos: dos 42 dólares que custa um quilo de café, ao produtor vão apenas 14 centavos; e uma caixa de ácido ascórbico que custa R$ 14 na farmácia só contém R$ 0,03 de vitamina C.

No Brasil, todo o poder emana do povo mas, em vez de responder à Nação os políticos parecem cada vez mais responder à corporações. O processo de captura do poder político é multifacético: evoluiu dos grupos de pressão para o financiamento direto de candidaturas, antes e depois das eleições, a construção do discurso a si favorável, inclusive na área educacional, o controle da informação e a sua canalização nas redes sociais.

A renda financeira de 7 a 9% ao ano supera muito o avanço do PIB, situado entre 2 e 2,5% anuais. Desse modo, o 1% das pessoas que detém mais da metade do patrimônio mundial prefere o rentismo ao trabalho. E maneja para endividar famílias, empresas e governos, prejudicando o consumo, a produção de utilidades e os serviços sociais ou “salários indiretos”. Nos EUA foram apelidados de “barões ladrões”.

Ao invés de financiar as empresas e o consumo das famílias, os poucos bancos que realmente possuem o controle da economia e dos governos lhes extraem recursos. O sistema financeiro, do ponto de vista social, tem produtividade negativa para a economia, inclusive por sua baixa tributação. A intermediação financeira é necessária, mas precisa dar retorno à sociedade. Para isso, uma nova arquitetura do sistema se impõe.

Ladislau Dowbor é formado em Economia Política pela Universidade de Lausanne, na Suiça; Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, na Polônia (1976).

Atualmente é professor titular no departamento de pós-graduação da PUC-SP, nas áreas de economia e administração

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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