Ladislau Dowbor dispõe da vasta biblioteca digital gratuitamente acessível, que permite, inclusive, baixar sem custos a mídia de seus mais de quarenta livros.
Sua obra A Era do Capital Improdutivo, que corresponde ao período atual e final do desenvolvimento capitalista, serviu de base a um curso do Instituto Paulo Freire, não por acaso chamado de Pedagogia da Economia, com quinze aulas de dez a quinze minutos, também gratuitas.
Já comentamos as primeiras cinco aulas e o segundo bloco de, também, cinco aulas. Vamos à sinopse do terceiro bloco, reservando artigo especial para a última aula, que trata de treze propostas para o Brasil:
Ao invés de gerar empregos e distribuir renda, os mais ricos têm migrado para o parasitismo dos ganhos financeiros, que cresceram de 13 para 40% da renda das grandes corporações. Nesse sentido, procuram endividar famílias, empresas e Estados nacionais, criando uma economia de pedágio, no lugar do fomento das atividades econômicas. Para assegurar o fluxo financeiro de seu interesse, adicionalmente procuram reduzir os salários indiretos, custeados pelos tributos pagos por toda a população.
Movem a economia as exportações, demandas das famílias, atividades empresariais e atividades de Estado. No Brasil, o mercado interno responde por 90% da economia. O desinteresse privado pela oferta de crédito e as altas taxas de juros são dois fatores que travam o desenvolvimento econômico. Só aí, 1/4 do PIB deixa de circular na economia. Ademais, 61 milhões de adultos brasileiros não consomem como poderiam, enfraquecendo o comércio, os pedidos à indústria e, por consequência, o próprio emprego e a renda.
A partir da Constituição cidadã de 1988, o Brasil passou a ter regras claras para o funcionamento econômico desejado. Com o advento do real, alguns anos mais tarde, o país alcançou razoável estabilidade monetária. As políticas sociais derivadas do novo ordenamento jurídico não oneraram as contas públicas, pois as rendas circulavam na economia e voltavam ao Tesouro em forma de tributos. A submissão do governo aos interesses dos bancos, no entanto, fez os juros subirem, prejudicando famílias e empresas e gerando déficits crescentes.
Dowbor explica, ao final, que no mundo funcionam as economias que colocam o dinheiro mais próximo às famílias, em nível municipal e cooperativo, para que sirva à economia e não dela se sirva. Segundo o professor, assim funcionam as economias europeias e asiáticas. No Brasil, há um agravante: quase a metade do dinheiro vive de juros públicos e privados ou se esconde em paraísos fiscais, ficando longe do controle rigoroso pela população.
Ladislau Dowbor é formado em Economia Política pela Universidade de Lausanne, na Suiça; Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, na Polônia (1976).
Atualmente é professor titular no departamento de pós-graduação da PUC-SP, nas áreas de economia e administração
3 comentários em “Ladislau Dowbor: a era do capital improdutivo (partes 11-14/15)”