Toda a verdade em 8 páginas

Quando em 1979 entrava setembro e a boa nova andava nas ruas chegava às bancas a 1ª edição da Hora do Povo, cuja capa ilustrava exatamente o futuro vereador carioca Antonio Carlos de Carvalho em seu primeiro passeio após a Anistia, em Copacabana.

Muitos são os ingredientes que levaram o revolucionário meio de comunicação aos quase quarenta anos de hoje, mas os que se destacam desde sempre são o compromisso com a verdade, a identidade com a independência do Brasil e a irreverência de seus abnegados editores e repórteres.

As manhãs de sábado em São Carlos eram assim: saíamos todos de casa para levar, na praça, toda a verdade em oito páginas, os fatos e análises que a velha imprensa temia revelar ao grande público. Eram os tempos finais da ditadura que assolava o país, que todos e cada um ajudamos a abreviar a sobrevida.

Silvério Crestana, Mauro Mengatti e Clóvis Figueiredo

Naqueles idos não havia internet para armazenar histórias e difundir notícias nas redes sociais. Hoje pesquisar sobre as contas secretas na Suíça traz mais de 2,5 milhões de resultados e muitas das personagens da lava-jato e das milícias. No entanto, as contas dos proeminentes do regime de então eram ainda mais secretas e protegidas de qualquer revelação pelas armas.

Quanto maior a tempestade, mais alto voa o albatroz

Foi com uma chamada assim que o destino das propinas foi tornado público. A histórica edição provocou a última das condenações pela Lei de Segurança Nacional, que ao lixo da história foi com o advento da Constituição cidadã poucos anos depois.

Outra edição que marcou época veio em 1982. O desfolhar da Hora do Povo de um lado da plenária do Congresso da UNE, em Piracicaba, ao mesmo tempo que da Tribuna Operária de igual manchete, selou a unidade nacional dos estudantes pela volta do Estado Democrático de Direito.

Sementes que hoje mostram seus frutos, quando novamente a democracia é ameaçada pelos milicianos de hoje. A certeza histórica é que o Brasil pode, como sempre, contar com o primeiro jornal impresso em cores no país para conhecer a verdade por trás da maquiagem que tenta enlindar os fascistas e ultraliberais conspurcadores a nacionalidade e a humanidade.

Convivi com Claudio Campos, o fundador do jornal, até que este completou a sua vida e nos legou uma obra digna dos grandes brasileiros. Por essas e outras razões, é ele o quarto dos próceres que ilustram a capa do nosso blogue e inspiram gerações de brasileiros na luta por um Pátria livre e o destravamento do caminho para o socialismo.

Até porque, como ele ensinava, é inevitável que a realidade se transforme porque é inevitável que os homens lutem.

Estas são algumas das experiências deste autor. A história oficial pode ser conferida no sítio do jornal!

Reproduzido na Hora do Povo.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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