Armadilhas na economia

O canal da Geração 68 – sempre na luta apresenta a série Armadilha, tratando de riscos existentes ao novo governo. Além do capítulo aqui comentado, estão disponíveis os temas Meio Ambiente e Congresso Nacional, além do programa de apresentação.

Cecília Cavalcanti e Marcelo Chueiri, da Geração 68, receberam o agroecólogo Jean Marc van de Weld e o economista Ladislau Dowbor. De sua extensa obra gratuitamente disponível em sua página pessoal, já retratamos seu encontro com a Engenharia pela Democracia, a economia de Francisco e o instrutivo curso sobre a era do capital improdutivo.

Jean Marc vê semelhanças entre a situação atual da economia brasileira e aquela verificada no início do século, quando Lula recebeu de seu antecessor uma “herança maldita”: economia em frangalhos, parque produtivo sucateado e salários defasados. Com a necessidade de pesados investimentos para recuperar o que foi perdido, mormente na infraestrutura social, agora agravada pelo teto de gastos.

Segundo ele, a economia regrediu ao extrativismo e agronegócio, apontando a menor participação histórica da indústria no PIB. Como consequência, “consumo das famílias reprimido, endividamento, desemprego e subemprego”, renomeado como empreendedorismo.

Preocupado com os desastres climáticos e o uso excessivo de combustíveis fósseis que se exaurem no planeta, o agroecólogo mostrou que o Comando da economia brasileira está na especulação financeira, não produtiva, a e uma parcela mínima de rentistas tem o controle do Banco Central, para concluir:

Sem resolver a economia, os eleitores não serão fidelizados nem atraídos. É preciso resolver a fratura ideológica da sociedade e retomar o papel do Estado como indutor do desenvolvimento.

Marc ainda defendeu uma reforma tributária progressiva, que onere mais que tem mais e uma redefinição do Brasil rural, para que se destine área maior para alimentos fartos e saudáveis, vez que o agro hoje se dedica essencialmente às comódites de exportação e produção de ração.

Dowbor quantificou o PIB brasileiro por família de 4 pessoas em R$ 15 mil mensais, indicando que o problema brasileiro não é econômico, mas de organização social, vez que há “produção suficiente para todos  terem uma vida digna e confortável”.

No entanto, há insuficiências: o Estado brasileiro é proporcionalmente menor do que nos países europeus, o país desindustrializou-se e o Banco Central hoje se subordinada ao setor financeiro que deveria regular.

Há todo um conjunto de drenos que mantém a economia estagnada desde 2013, apontou o professor da PUCSP. Os negócios mais rentáveis estão no setor primário e financeiro, de pouco impacto para o crescimento da economia; a dívida pública consome entre 600 e 700 bilhões anuais só para juros – quatro vezes mais que o Bolsa Família, inibindo investimentos públicos e salários indiretos com serviços de educação e saúde; a trilionária dívida privada de empresas e de quatro em cada cinco famílias no Brasil, com juros até dez vezes maiores que na Europa; e a evasão fiscal, que beira 6% do PIB e se soma a outros 5% de renúncias ao ato de tributar.

O economista lembra que , sob as sombras, um dreno extra funciona nos paraísos fiscais e o novo arcabouço !ataca o problema pela borda”. Ele também destacou os agentes externos que sufocam o Brasil no sistema financeiro global e controlam a distribuição global de grãos, beneficiando-se das isenções às exportações mais do que o povo brasileiro que espera comida no prato.

Organização interna e soberania; fazer a economia funcionar em função das necessidades da nossa população, na subordina-la aos interesses de fora.

Organização interna e soberania; fazer a economia funcionar em função das necessidades da nossa população, na subordina-la aos interesses de fora.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo e da Engenharia pela Democracia, conselheiro da Casa do Povo, Sinal, CNTU e Aguaviva, membro do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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