
A operação de captação por meio de CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio), estruturada por João Paulo Pacífico, do Grupo Gaia, atingiu em duas semanas a meta de R$ 17,5 milhões e incrementará a produção em seis fazendas do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra.
O valor é de pouca monta diante dos cerca de R$ 4 trilhões que circulam, segundo a Anbima, no mercado brasileiro de capitais. Mas nem por isso o caso deixa de ser exemplar.
De se citar que a operação passou pelo crivo das autoridades da Comissão de Valores Mobiliários antes de ir a mercado.
Ao Brasil247, Pacífico defendeu “a geração de riqueza através do financiamento direto de quem verdadeiramente produz”. Apelidado de “comunista” por seus pares de Faria Lima, resumiu assim:
Sou muito contra o formato do capitalismo atual que acontece aqui na Faria Lima especialmente. Não concordo. Atualmente, o mercado financeiro é um câncer para a sociedade brasileira, mas não precisa ser. O mercado financeiro está aqui para criar pontes, não para ser o protagonista. Ele não pode ser protagonista, e está hoje virando um, o que é ruim. O mercado financeiro não gera riqueza, ele facilita a geração de riqueza. Quem gera riqueza é quem está plantando. Então, ao invés de ser essa ponte ele virou esse prédio em cima.
O ex-banqueiro Eduardo Moreira afirmou que investir é “ato político. Isso tira poder das mãos dos bancos, que são quem tem o maior poder no Brasil hoje. Então essa operação é uma afronta ao sistema como poucas vezes já teve”. Moreira estima que meros 2% dos capitais de investimentos – R$ 80 bilhões – podem abalar o poder do sistema financeiro, se direcionados dessa forma.
Sem prejuízo às pequenas mas notáveis operações voltadas a pequenos produtores, por que a parcela principal da poupança popular brasileira e de capitais estrangeiros não pode ser dirigida ao interesse nacional, como a Lei permite e, em certos casos, exige às autoridades?
Um comentário em “Quem quer investir nas fazendas do MST?”