
Recente classificação dos países de Ranaldi e Milanovic combinou a composição e a concentração da renda dos cidadãos, mostrada no gráfico ao lado. Em Variedades do Capitalismo, os conceitos foram trazidos ao público pelo economista e professor Fernando Nogueira da Costa.
Como se intui, não há economias de razoável distribuição da renda que não privilegiem o trabalho (setor noroeste do gráfico) nem de exacerbada concentração de propriedade produtiva que apresente razoável distribuição de renda (setor sudeste).
O Brasil encontra-se no vértice dos eixos desenhados por este autor, um país cujo PIB provém de trabalho e capital em porções semelhantes, mas entrega o resultado do esforço coletivo muito mais a este do que àquele. É o que os teóricos chamam de “capitalismo liberal”. Minora a injustiça patente redistribuir a renda entre os nacionais.
Para isso, apresentam-se dois sentidos principais: em direção à Eslovênia, que preserva o equilíbrio capital-trabalho com igualdade social, e à Eslováquia, que privilegia amplamente a renda do trabalho, com distribuição equânime aos produtores, o setor do “capitalismo homoplástico”.
O primeiro, mais imediato, pode ser trilhado com Justiça tributária, cobrando encargos de que ganha e acumula mais e aliviando a carga atual que pesa principalmente sobre os ombros dos mais pobres, incidindo muito mais sobre o consumo do que sobre a renda e a propriedade.
A meta de baixos Gini e IFC, por sua vez, é mais permanente e exige um Estado submisso ao interesse nacional. O contínuo crescimento salarial chinês, por exemplo, mostra as vantagens de o Brasil orientar-se nesse eixo.
Cabe oportunamente aprofundar sobre a origem do capital em terras brasileiras, que outra não é que o trabalho da nossa gente. Mas enquanto isso, a fome tem pressa e a calamidade pública exige urgência nos mecanismos redistributivos.
Merece muita atenção o artigo de Fernando Nogueira da Costa. Buscar a igualdade é uma necessidade ética e de inteligência.
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