
Já havíamos apresentado as lições de economia de Luis Beluzzo e Nilson Araujo de Souza, mas a reunião de ambos, a convite da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), permite ter um diagnóstico convalidado “pela segunda opinião” da situação brasileira hoje e suas saídas emergencial e duradoura.
O presidente da Central, Ubiraci Dantas de Oliveira, apresentou a preocupação dos trabalhadores: em três anos, 341 mil empresas fecharam as portas no Brasil e milhões de vagas foram extintas; um tempo em que a formação bruta de capital fixo atingiu a menor marca histórica. O economista Flauzino Antunes, também dirigente da CGTB, lembrou que há muito o Brasil se dedica à economia primária, perdendo a sua indústria como consequência da má gestão pública do nosso desenvolvimento.
Ambos os economistas convidados foram concordaram que, na origem da crise que se arrasta para baixo no Brasil desde o fim dos anos 1970, a desindustrialização é um dos efeitos mais perversos. Especialmente nos últimos 7 anos, que combinaram recessão, estagnação e depressão econômicas, o Brasil encontrou sua mais baixa taxa de formação de capital fixo mais baixa em meio século: 15%.
Um caminho oposto ao trilhado pela China, hoje líder global em manufatura que, em 1978, não se encontrava em patamar muito distinto do brasileiro. Uma queda do Brasil bastante relacionada à piora dos termos internacionais de troca, experimentada pelo país nas últimas décadas.
A crise, para degáudio geral, foi aprofundada sobremaneira com a catástrofe humanitária que aponta para 100 mil mortes ainda esta semana e conta com 2,6 milhões de infectados pelo vírus no país, com um pico de desocupação de quase 20 milhões de trabalhadores brasileiros.
E como o governo responde à crise?
Segundo Nilson, com preocupação fiscal – leia-se privilégio às contas financeiras – e resistência à injeção de dinheiro na economia, para que as pessoas possam, além de ficar em casa, comprar e as empresas venderem. Se o aporte público foi de modestos R$ 210 bilhões, deve-se em boa medida ao aumento que o Congresso Nacional determinou à ajuda emergencial, de R$ 200 mensais originais para R$ 600. O dinheiro liberado aos bancos – R$ 1,2 trilhão – não chegou às empresas, sendo reconvertido em mais dívida pública – não obstante a severa queda do PIB, o endividamento, que era de 76% ano passado, pode concluir 2020 na casa dos 90%.
O que Guedes propõe então? Emissão soberana de moeda? Não, mais cortes de investimentos públicos e, se der, alienação de patrimônio nacional e redução de salários dos servidores, nos moldes da suspensão de contratos de trabalho na área privada. Algo como apagar um incêndio com gasolina.
Beluzzo propõe estender o auxílio emergencial até o meio do ano que vem. Com segurança das famílias em gastar, os empresários também ficam dispostos a investir e contratar gente, reanimando a economia.
Para isso, é preciso romper o teto de gastos e subordinar o Orçamento Público ao interesse nacional – mais que interesse, uma urgente necessidade da economia brasileira.
E reindustrializar o Brasil, ao que Araujo completou com a sugestão de começar por recuperar o complexo da saúde.
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