
Os trabalhadores, entre eles os metalúrgicos, têm especial preocupação com os destinos da indústria no Brasil.
A FITMETAL trouxe 7 de agosto vários especialistas para debater os rumos da atividade econômica que mais agrega valor na transformação da natureza e se imiscui positivamente na agropecuária e nos serviços.
Marcelino da Rocha, presidente da Federação, registrou que a participação industrial no PIB brasileiro já foi superior a 30%, mas está hoje limitada a um décimo da renda nacional, boa parte de propriedade estrangeira.
O professor Luiz Gonzaga Beluzzo lembrou que o Brasil era o mais industrializado país entre os emergentes do mundo nos anos 1970, então à frente da China e dos “Tigres Asiáticos”, beirou mesmo o próprio domínio das tecnologias digitais, mas desde aí andou para trás, abandonando progressivamente os investimentos em ciência e tecnologia e vive hoje dependente das mais elementares importações.
O período de avanço combinou empresas estatais de energia e comunicação e bancos públicos com a presença privada manufatureira. Os estrangeiros também instalaram suas montadoras por aqui, mas preservaram a pesquisa e o desenvolvimento de novos produtos a suas matrizes.
A pesquisadora Marilane Oliveira concentrou-se em responder à pergunta: ainda há espaço para a indústria brasileira? A resposta é sim, mas depende da inversão dos valores ultraliberais em voga, para o avanço da atividade local de agregação de valor à cadeia de produção global. Além dos investimentos públicos em infraestrutura e transporte, ativar o sistema produtivo nacional de saúde e assegurar a soberania alimentar podem ser bons caminhos para absorver a mão de obra brasileira em seu próprio benefício.
Adilson Araújo, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CTB, defendeu um novo projeto nacional de desenvolvimento, que retome a centralidade da atividade industrial. Citou a atividade petroleira: se a extração cresce, são necessárias mais refinarias para agregar valor ao produto, coisa que hoje é feita fora do país. Procurou resumir as medidas de interesse do trabalho em quatro pontos: emissão de dinheiro para estender a ajuda emergencial; retomada de obras públicas, com parcerias público-privadas; testagem em massa e fornecimento gratuito de máscaras; e financiamento à micro e pequena produção.
Em tempos de pandemia e retração econômica, em que mais da metade da população economicamente ativa está fora do mercado de trabalho, todos foram unânimes:
Os brasileiros precisam firmar um Pacto Nacional pelo Emprego!

Foi esse o teor da convocação ao diálogo feito pelo governador Flávio Dino (PCdoB/MA). Ao lado da saúde, o que mais preocupa as famílias brasileiras é o trabalho. Ele prescreveu as reformas de Estado que o Brasil precisa: meio trilhão de reais em obras públicas, o valor do PAC 1, para construir casas a quem mora em palafitas e carece do mais elementar saneamento ambiental; assegurar a soberania nacional na assistência social ao nosso povo; e estender aos microempreendedores o auxílio emergencial, que precisa ser prorrogado para todos, em defesa da nossa gente e da economia.
Programas de poucos pontos, mas muito compromisso com o Brasil. Como lembrou o comunista, cristão e “paraíba” Dino, a França revolucionou chamando por liberdade, fraternidade e igualdade e a Rússia por paz, pão e terra.
O Brasil precisa de democracia, empregos e desenvolvimento! E, evidentemente, indústria nacional.
As ilustrações são de Marilane Oliveira, economista da Unicamp.
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