
Uma vista d’olhos leiga no mapa do município de Santos mostra que os principais riscos advindos das mudanças climáticas podem, em um quarto de século, afetar, principalmente, os bairros da orla e do porto, os morros e o pé de serra na área continental.
Santos foi uma das duas cidades – ao lado da capital paulista – abordadas pelo engenheiro Ivan Maglio nas Rodas de Debate da Engenharia pela Democracia, no último ano. Ele salientou a “importância do monitoramento contínuo e preciso das condições climáticas e o planejamento de ações de longo prazo para prevenir efeitos nocivos advindos dos desequilíbrios ambientais, ao lado da adaptação às novas condições de vida no planeta”.
Maglio destacou o prognóstico de eventos extremos para o período de 2022-2050 na Ilha: intensificação das chuvas em períodos curtos, com intervalos mais longos de estiagem; chuvas que podem deflagrar deslizamentos podem ocorrer a cada lustro, em vez de com intervalos de 15 anos; e o nível do mar pode subir 35 centímetros ao longo dos 28 anos projetados.
O especialista destacou a importância do planejamento sustentável da cidade, reforçando a resiliência das áreas urbanas e do estuário, reduzindo a vulnerabilidade social e gerindo adequadamente a infraestrutura urbana.
Nesta página já havíamos tratado de temas como a mobilidade urbana de baixo carbono, aplicável ao conjunto da metrópole, e o porto verde, projeto igualmente metropolitano. O centenário plano e obra de Saturnino de Britto, que visava melhorar as condições sanitárias da cidade portuária, também foi lembrado em 100 anos de saneamento.
E a boa notícia é que a Prefeitura de Santos adotou um Plano de Mudanças Climáticas, considerando a consultoria de Maglio para o diagnóstico e ação, que deve contar com recursos não só do erário municipal, mas também de fontes diversas de financiamento, nacionais e globais.