
O que era o dobro em 1980 que virou metade em quarenta anos? Quem respondeu a renda per capita dos brasileiros em relação à dos sul-coreanos, acertou.
Os professores Luque, Silber, Luna e Zagha avaliaram, em coluna publicada pelo Valor Econômico em 27.7.2020, os porquês dessa inversão de mão, tomando por base o papel da indústria e da agricultura no desenvolvimento econômico.
Os economistas da FEA-USP historiaram os 60 anos de políticas públicas voltadas à industrialização no Brasil, que duraram de 1920 a 1980. Caminho semelhante foi tomado pelos asiáticos a partir dos anos 1950, sem interrupção significativa até os dias de hoje, antes o contrário.
No século passado o Brasil dobrava de tamanho a cada 12 anos, de forma mais acelerada ainda na Era Vargas, que que o PIB variava anualmente, em média, 7%. De 1980 para cá, o Brasil apostou na agricultura como o seu caminho, cujo crescimento não foi suficiente para contrabalançar o colapso do setor industrial, cuja participação no PIB caiu de 31% a menos de 10% nos anos recentes, informam os professores.

Diferentemente da indústria, cujo dinamismo é capaz de “reinventar a roda” a cada década, gerando mais empregos de qualidade, o crescimento da produtividade na atividade agrária e extrativa dispensa mão de obra, já que os produtos não mudam com o tempo. Além produzirem resultados logo na próxima safra, as novas tecnologias rurais também tardam mais a envelhecer.
Os autores destacam positivamente o papel da estatal Embrapa no progresso do campo brasileiro, cuja produção técnica sempre se mostrou eficaz e de uso difuso entre os agricultores. Fazer o mesmo com a indústria?
Ao apontar que “empregos ‘bons’, estáveis e com salários maiores se realizam por meio do crescimento da indústria”, concluem:
“Recriar as condições de políticas micro e macroeconômicas permitindo a retomada do crescimento industrial pari-passo com o crescimento agrícola é fundamental para o futuro do país.”
3 comentários em “A indústria e a agricultura no desenvolvimento brasileiro”