
Enquanto no Brasil discute-se a privatização da Sabesp, que fornece água limpa para mais da metade dos municípios paulistas, o movimento mundo afora vai no sentido inverso: segundo o Diário do Centro do Mundo, ao menos 180 cidades de 35 países recuperaram a gestão do serviço.
No exemplar caso de Setubal, em Portugal, a reestatização do saneamento deve reduzir as tarifas de 20% a 60%, informa a Hora do Povo.
Enquanto a Organização Mundial da Saúde clama pela elevação do investimento público no setor, como ferramenta de conservação do meio ambiente e promoção ao bem-estar geral das espécies vivas, Outras Palavras traz os resultados negativos do modelo inglês, inaugurado há 33 anos por Margareth Tatcher, referindo-se ao jornal britânico The Guardian:
“As companhias de água e esgoto estão falhando quando se trata de cuidar dos clientes, do meio ambiente e de sua própria resiliência financeira. Essas empresas precisam resolver esse desempenho inaceitável com urgência” declarou David Black, executivo-chefe da Ofwat. “Em 2021 e 2022 houve um aumento do número de incidentes graves de poluição, além do descumprimento das obras de tratamento. Apenas quatro empresas atingiram o nível de desempenho para reduzir o alagamento de esgoto nas residências”, concluiu. O relatório aponta um baixo investimento nas estações de tratamento e o aumento de incidentes relativos à inundação de esgotos.
Há dois anos, o saudoso Markito Duarte relatava experiências brasileiras com a ineficácia (ou má vontade) privada na gestão do saneamento: em Manaus, cidade ribeirinha, 600 mil habitantes não tinha água tratada vinte anos após a privatização do serviço; no Estado de Tocantins, a Odebrecht Ambiental devolveu mais da metade dos municípios ao governo, pois não seriam rentáveis ao seu negócio.
Ante à ameaça do governado eleito de São Paulo contra o saneamento básico no Estado mais populoso do Brasil , José Faggian, presidente do Sintaema, sindicato que reúne os trabalhadores do setor, declarou à Hora do Povo seu alerta que as experiências de privatização pelo mundo e no Brasil provocaram, necessariamente, aumento na tarifa e queda na qualidade de serviço prestados à população.
A Sabesp é um patrimônio do povo paulista, é uma empresa lucrativa há décadas, uma empresa que presta um serviço de excelência bem avaliado pela população, que hoje gera mais de doze mil empregos diretos – funcionários contratados diretamente por meio de concurso –, além dos terceirizados, e movimenta toda uma cadeia econômica de fornecedores.