Paulo Kliass

O Vermelho trouxe novo artigo de Paulo Kliass com análise sobre o setor financeiro no Brasil, ao qual cabe somente um complemento de nossa parte.
Em países como os EUA e a China é dever do Banco Central nacional, ao par preservar o poder de compra da moeda e bom funcionamento sistema financeiro, cuidar do crescimento econômico e buscar o pleno emprego. A adoção de tal obrigação no Brasil ao menos permitiria ao regulador limitar mais a ânsia concentradora de riqueza dos banqueiros autorizados a funcionar no país.
O artigo recebeu como linha fina: “as decisões de política econômica têm sido sistematicamente concebidas e implementadas com o objetivo maior de atender carinhosamente aos interesses da banca”.
As grandes instituições financeiras tupiniquins parecem atuar em um universo paralelo. O Brasil está sentindo os efeitos dramáticos da pandemia em praticamente todas as suas dimensões. Para além das quase 120 mil mortes, assistimos ao crescimento impressionante do desemprego e da precariedade no mercado de trabalho, com consequências terríveis para grande maioria de nossa população. Do ponto de vista das empresas, observa-se igualmente um quadro de enormes dificuldades, com aumento exponencial do encerramento de atividades, falências e diminuição do faturamento.
Pois exatamente ao longo desse mesmo período, os lucros dos bancos mantêm-se bilionariamente elevados. Durante o primeiro semestre do pior ano da história de nossa economia, apenas os balanços dos quatro maiores bancos apresentaram o vergonhoso resultado de R$ 26 bilhões a título de lucros. (continua…)

Paulo Kliass é Doutor em Economia pela Universidade de Paris 10 e Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, carreira do governo federal.
Mais do autor em Outras Palavras.
2 comentários em “O insaciável apetite dos bancos”