
Segundo a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), a Petrobrás anunciou esta semana mais um lucro líquido recorde, R$ 106,7 bilhões no acumulado de 2021.
É um número bastante superior ao que vimos em 2019 (R$ 40 bi), 2010 (R$ 35 bi), 2008 e 2011 (R$ 33 bi, cada), os melhores resultados até então. Atualizado pela inflação, o ano de 2008 é o que chega mais próximo, R$ 72 bilhões em valor atual. Parte disso, R$ 23,4 bilhões, veio de receitas “não recorrentes”. Principalmente devido a um impairment (R$ 18,8 bilhões) e a dinheiro recebido pelas privatizações (R$ 10,9 bilhões). Mesmo assim, o lucro recorrente da companhia ainda ficou em R$ 83,9 bilhões, completou o informativo.
O Relatório de Administração da maior companhia brasileira informa, à página 11, uma venda diária de diesel e gasolina de 1,2 milhão de barris, ou 441,65 milhões de litros dos combustíveis. Uma regra de três simples mostra que os preços ao consumidor poderiam ter sido R$ 1 menores no ano passado e ainda assim a Petrobras teria sido lucrativa em mais de R$ 43 bilhões, dos quais mais de R$ 13 bilhões provenientes de receitas recorrentes.
Os mais liberais afirmam que o dever dos colaboradores da empesa é gerar valor aos seus acionistas. Mas como se formou a Petrobras, até chegar ao modelo atual?
Desde a sua mensagem fundadora, a petrolífera brasileira foi construída com recursos públicos de gerações de brasileiros para tornar o Brasil autossuficiente em energia, a partir dos recursos soberanamente existentes em seu solo e subsolo, como fazem quaisquer outras nações do mundo.
Mais acentuadamente nos últimos anos, a Brasil 247, a partir do Observatório Social da FNP, quantifica o que houve: “Petrobrás vendeu R$ 263,4 bilhões em ativos desde 2015, enquanto brasileiros sofrem com a alta dos combustíveis. A maior parte dos ativos foram vendidos a empresas estrangeiras.”
Quando o lucro segue crescentemente para fora do país e a despesa é socialmente repartida entre os proprietários de veículos no Brasil, talvez o ministro da Economia tenha razão em dizer que “somos pobres por opção”. Exatamente pelos motivos opostos aos que apregoa aos predadores da energia brasileira.
3 comentários em “A quem beneficia o lucro recorde da Petrobras?”