Em 2006, o médico Rodolfo Herberto Schneider e a psicóloga Tatiana Quarti Irigaray produziram o artigo, publicado dois anos depois, Envelhecimento na Atualidade: aspectos cronológicos, biológicos, psicológicos e sociais. O estudo foi realizado sob os auspícios do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUC-RS.
A dupla de cientistas ensina que a caracterização da velhice depende de múltiplos fatores e varia de acordo com a sociedade e o momento histórico. “Mesmo nos dias atuais, o envelhecimento aparece associado a doenças e perdas, e é na maioria das vezes entendido como apenas um problema médico”, informam.
Se a longevidade é crescente, “o envelhecimento humano, cada vez mais, é entendido como um processo influenciado por diversos fatores, como gênero, classe social, cultura, padrões de saúde individuais e coletivos da sociedade, entre outros”.
Quatro idades humanas
- Idade cronológica: refere-se somente ao número de anos que tem decorrido desde o nascimento;
- Idade biológica: definida pelas modificações corporais e mentais que ocorrem ao longo do processo de desenvolvimento e caracterizam o processo de envelhecimento humano;
- Idade social: definida pela obtenção de hábitos e status social pelo indivíduo para o preenchimento de muitos papéis sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua idade, em sua cultura e em seu grupo social; e
- Idade psicológica: habilidades adaptativas dos indivíduos para se adequarem às exigências do meio.

Em 2005 eram 15 milhões os brasileiros com 60 anos ou mais (7,8% da população). Em três lustros, os números evoluíram favoravelmente, atingindo hoje 37,5 milhões de idosos (17,6% da população), números superiores aos projetados no gráfico.
A eles, Rodolfo e Tatiana dedicam:
Estima-se que a maior valorização do idoso possa se concretizar em um futuro próximo, no qual a tendência seria rever os estereótipos associados à velhice. A visão do envelhecimento como sinônimo de doença e perdas evoluiria para a concepção de que esta fase do ciclo vital é um momento propício para novas conquistas e para a continuidade do desenvolvimento e produção social, cognitiva e cultural. As experiências e os saberes acumulados ao longo da vida seriam vistos como ganhos que podem ser otimizados e utilizados em prol do próprio indivíduo e da sociedade. Dentro desta perspectiva, a velhice passaria a ser considerada uma fase boa da vida, não rotulada apenas pelas perdas, mas também reconhecida pelos ganhos e pela administração das transformações, cabendo ao idoso potencializar os próprios recursos e atuar na autoconstrução da subjetividade e da identidade.
O diretor da Escola de Medicina da Faculdade George Washington garante: “O pico da atividade intelectual humana ocorre por volta dos 70 anos, quando o cérebro começa a funcionar com força total”.
Tema para uma próxima conversa.
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