
Ao inquirir sobre qual é a inflação no Brasil, servimo-nos das informações do Banco Central do Brasil, que destaca a questão da deflação como tão indesejável quanto a inflação elevada.
De acordo com a autoridade monetária, “ao contrário do que possa parecer, preços em queda podem ser prejudiciais para o bom funcionamento da economia. Um comerciante poderá ter prejuízo se ganhar menos amanhã pelo estoque que fez hoje. As famílias e as empresas poderão adiar suas decisões de consumo e investimento se houver a perspectiva de que os preços serão mais baixos amanhã, deprimindo a atividade econômica”.
Em uma economia anárquica, de mercado, é razoável a suposição da autoridade monetária brasileira. A tutela de Estado para que a inflação seja positiva e baixa, portanto, faz-se necessária para evitar a ruína individual do empresário ou o prejuízo social que um indivíduo possa causar ao adiar os seus investimentos.
No entanto, se o relacionamento econômico entre os produtores humanos for movido pela consciência e a técnica colocada a serviço da abundância de meios para satisfazer as necessidades individuais dos membros da espécie, a queda consistente dos preços só fará aumentar o consumo, distribuindo renda na forma de bens materiais e serviços a eles incorporados ou fruídos diretamente pelos beneficiários.
Muito se diz que esse estágio de desenvolvimento da Humanidade pressupõe o fim da propriedade privada – até lá, um pouco de inflação, baixa e previsível, seria altamente desejada como benesse pública, provida pelo Estado.
Nos dois últimos séculos, porém, a produtividade do trabalho experimentou elevação revolucionária, com o vapor, a eletricidade, o motor a combustão e a ainda não plenamente dominada fissão nuclear, para não falar dos controles digitais da transformação da Natureza.
Assim, nos marcos atuais, parece haver larga margem para reduzir os preços em geral sem desocupar a mão-de-obra e reduzir-lhe os salários, não fosse o açodo antissocial dos acumuladores financeiros, com seus juros e derivativos.
O que parece certo é que, se o Estado precisa intervir – e não é barato – para manter a inflação positiva e dentro de patamares socialmente aceitáveis, um aumento dessa ação pública pode ajudar na redução dos preços mantendo a recentíssima obrigação do BCB de fomentar o pleno emprego.
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