
De acordo com o Banco Central do Brasil, inflação ”é o aumento dos preços de bens e serviços”, que “implica diminuição do poder de compra da moeda. A inflação é medida pelos índices de preços.”
A autoridade monetária brasileira reconhece que são vários os índices que a mensuram, sendo eleito o IPCA do IBGE como parâmetro para a fixação de metas a cumprir.
O próprio BC explica que o Índice de Preços ao Consumidor – Amplo considera uma variação dos preços de uma cesta de produtos e serviços consumidos regularmente por famílias com renda de 1 a 40 salários-mínimos.
A Fundação Getúlio Vargas, por meio de seu Instituto Brasileiro de Economia, também apura a inflação no Brasil, servindo-se de método diverso. 60% do seu Índice Geral Preços – Mercado (IGP-M) é devido à variação dos preços de produção, ponderando-se a parte restante pelos preços ao consumidor e o custo da construção civil.
Muitos contratos, como os aluguéis e tarifas de algumas concessões públicas de serviço, têm correção anual pelo IGP-M, impactando, assim, o cálculo do IPCA, pelo uso que as famílias fazem da luz, do telefone e da habitação.
Qual deles melhor representa a deterioração do poder de compra da moeda nacional, o real?
A pergunta seria de baixa relevância se o quadro brasileiro não se apresentasse como abaixo resumido:
Nos primeiros 19 anos deste século – antes, portanto, de a crise sanitária produzir mortes em profusão e desarranjos econômicos -, o IGP-M variou 287% e o IPCA 216%, uma diferença de um a dois pontos percentuais em cada ano do período.
Nos dezoito meses seguintes, no entanto, enquanto o IGP-M acusa nada módicos 42%, o IPCA se basta em 8,5% – a quinta parte!
A fixação de metas de inflação*, hoje tolerada entre 2,25 e 5,25% de variação anual do IPCA, poderia ter por parâmetro quaisquer dos índices calculados no país. No entanto, o desalinho verificado sob o atual governo pode trazer consequências ainda mais trágicas aos brasileiros.
Além das necessidades inadiáveis de consumo e os custos de produção muitas vezes dependentes de fatores exógenos ao país, a “expectativa de inflação”** apontada não só pelo IPCA, mas mais severamente pelo IGP-M, pode ser vir a sugar o bolso das pessoas de forma ainda mais danosa do que a meta estourada já indica.
*O BCB considera a deflação indesejável e “trabalha para manter a inflação baixa – não para que os preços declinem”. No entanto, a queda consistente dos preços pode se traduzir em distribuição de renda, se a produção, ao absorver a moderna técnica, tiver a produtividade do trabalho aumentada e apropriada equilibradamente pelos produtores.
**o quarto elemento causador da inflação é a inércia inflacionária, segundo o BCB.
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