Em 5 de dezembro de 1918, há cento e dois anos, portanto, nascia em Varsóvia, Polônia, José Aron Sendacz. Chegou ao Brasil em 1930, onde se fez nacional, criou família e a Casa do Povo. Nestas plagas, compôs na sua língua natal a sua homenagem a Scholem Aleichem, um dos grandes poetas do leste europeu em língua ídiche. A tradução, constante de Um Homem do Mundo, é de Hugueta Sendacz.


Estou rindo! Estou rindo! Ele me ensinou a rir,
Ele me incutiu, que rir é saudável,
Eu sei, eu sinto que mundos mortos desmoronam,
Levo meu riso ao encontro do vento tempestuoso.
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Estou rindo! Estou rindo! Ele me ensinou a rir,
Ele mandava rir mesmo quando a lágrima sufoca,
Em mundos de torpedos, em mundos de canhões,
Em mundos de loucura, o riso também é uma arma.
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Estou rindo! Estou rindo! Como posso não rir,
Quando forças tenebrosas se rebelaram contra mim,
E quando sinto meu corpo ferido, retalhado,
Aplico o riso como um bálsamo para uma ferida.
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Estou rindo! Estou rindo! Por que não hei de rir,
Por que não me alegrar com as notícias que recebo,
Do país no qual Menaches Mendls fugiram das bolsas de valores,
E os nossos Tovies são agora cooperativistas agrícolas.
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Não precisam mais perambular pelas estradas de Boiberik,
E não precisam mais em suas carroças mendigar o pão,
Quando os “homenzinhos” em gigantes se transformaram,
Porque não devo rir, quando se constrói a vida.
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Estou rindo! Estou rindo! Ele me ensinou a rir,
Ele incutiu em mim que rir é saudável,
À luminosa aurora! Aos sóis brilhantes!
Levo meu riso através do sangrento agora!
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