
A antiga tradição mosaica reserva o sábado para a celebração da Paz e de uma boa semana. Hoje, uma marca não traz motivo para qualquer comemoração.
Quando as mortes por um mero vírus ganham um zero a mais no Brasil, o Presidente do “E daí?” sugere tocar a vida, benção que não mais albergará cem mil dos nossos.
A luta global pela vacina é renhida, são 281 projetos, seis deles neste país que por primeiro sequenciou o DNA do Covid-19. 38 vacinas já estão em fase clínica de testes, duas delas selecionadas para produção na Fiocruz e no Butantã, dois centros estatais de fabricação de imunobiológicos.
Enquanto o Estado de São Paulo testa a chinesa Coronovac, a opção federal é pela vacina da AstraZeneca, conglomerado anglo-sueco titular do produto de Oxford com faturamento em 2019 superior a USD 24 bilhões.
Um crédito extraordinário de R$ 1,9 bilhão foi determinado pelo Executivo federal para prover a Bio-Farmanguinhos de capacidade produtiva para cem milhões de doses. Do total, R$1,3 bilhão, ou R$ 13 por vacina, integram a “encomenda tecnológica” ao dono da patente inglesa. Apenas 30% da medida provisória fica no Brasil.
O diretor do Instituto Butantã garante que o seu custo não será maior que o da estrutura carioca.
Tudo isso para dezembro ou janeiro. Até lá, há especialistas prevendo o Brasil dobrar o número de mortos até outubro, na contramão do mundo. São hoje quase 800 mil infectados sob acompanhamento no Brasil, potenciais espargidores do vírus.
Cem mil brasileiros já não assistirão a final paulista de futebol de logo mais.
Para “tocar a vida” é preciso o governo fazer muito mais do que está se propondo.
In Memorian de Marcia Kronnenberg Glezer e todas as cem mil vidas precocemente interrompidas. Com informações da Agência Brasil e Ministério da Saúde. Reproduzido na Hora do Povo.
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