
Meu modesto contato com a fisioterapia resume-se a um antigo tratamento de reeducação postural global e a certeza da atuação inclusiva dos profissionais da especialidade quando alguma função motora não vai bem.
Mesmo assim, escolhi aleatoriamente os fisioterapeutas como personagem da crônica de hoje, como um modelo de organização social e laboral que vale para muitas outras atividades da, como diria Harari, cooperação entre humanos.
Imaginem uma cidade com 30 mil pacientes e mil fisioterapeutas. Se cada cidadão precisar de uma sessão por semana, uma agenda bem organizada ocupará as 30 horas semanais preconizadas como jornada profissional de cada especialista. Se os locais de atendimento forem amplos, para mais de uma pessoa por vez, os mais experientes poderão orientar os formados há menos tempo.
A experiência e o uso de equipamentos substitutivos da tração humana do corpo alheio tende a aportar eficiência ao serviço.

A redução do número de horas necessárias ao tratamento e, idealmente, do número de pacientes, longe de caminhar no rumo ao desemprego, permite a dedicação das horas sem atendimento à troca de experiências, ao estudo de novas técnicas, ao ensino às novas gerações e ao registro do conhecimento coletivo produzido pelos especialistas.
Mas a atividade profissional não precisa se limitar a isso: ir aos locais de trabalho e moradia para entender melhor as causas das moléstias e disfunções e prescrever, em receita multidisciplinar, métodos preventivos; ir às escolas ensinar às crianças à uma boa postura, em parceria com os educadores físicos, para evitar filas futuras na clínica; produzir mídias de ampla circulação social dando consciência às pessoas sobre como se manter saudável – e produtivo!
E depois de tudo pronto, o planeta inteiro saudável e a vida longa e próspera? Bem, disse uma vez o Presidente do Banco Central do Brasil que o que importa é a jornada, para onde vamos nós, a parcela consciente da Natureza.