
Já conceituamos o que seja o mercado de capitais, suas possibilidades desenvolvimentistas e especulativas e falamos sobre a ineficácia da dependência de capitais externos. Então, onde encontrar os recursos necessários à criação ou expansão de empreendimentos nacionais, que fomente a economia real?
O professor Fernando Nogueira da Costa ilustra que pessoas físicas detém, no país, R$ 3 trilhões em aplicações de renda fixa. O valor equivale a cerca de 40% do PIB brasileiro de 2019 e seria suficiente para incrementar, no mínimo, em 50% a produção nacional.
Se, por um lado, os gestores desses recursos ultraconcentrados parecem se aventurar somente em oportunidades especulativas de curto prazo, outros aspectos poderiam explicar a ausência de investimento direto no desenvolvimento nacional: falta de confiança nas políticas públicas; baixa liquidez no curto prazo; e, principalmente, a percepção de uma renda variável, que depende do desempenho da empresa investida e pode resultar positiva ou negativa.
Outro trilhão compõe o ativo dos fundos de previdência complementar, dinheiro que dispõe de longo prazo para remunerar os beneficiários, ao qual se somam R$ 550 bilhões de arrecadação anual dos regimes geral e próprios de previdência pública.
Considerando o prazo médio de contribuição de 32 anos a esses fundos previdenciários, investimentos com maturação de mais de uma década seriam suportáveis para remunerar os futuros aposentados. Um potencial trilionário de injeção de novos recursos no mercado primário de capitais, atendidos os princípios da prudência e o interesse público.
Se no Brasil as pessoas físicas e os gestores dos fundos previdenciários seguissem os padrões internacionais, estaríamos falando de algo entre R$ 3 e 4 trilhões, um investimento de meio PIB que mereceria ser focado primordialmente em ampliação dos meios de produção, geradores de empregos, renda e benefícios sociais, em especial a tão sonhada aposentadoria.
Se a FIESP não tem nenhum projeto que fomente o investimento em produção de riqueza, só projetos de redução de impostos, como incentivar o investidor poupador a se aventurar em investimento de longo prazo?
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