Quando no início da semana lembramos de Henfil na nossa História dos Quadrinhos ainda não sabíamos que o Covid-19 ia levar Aldir Blanc à sua morada.

Vivemos uma semana em que a morte causada pela pandemia atinge a marca dos dez mil brasileiros e estudos da Faculdade de Medicina da USP indicam dois milhões de infectados no país, sujeitos à tratamento ou à impossibilidade dele e, se romperem o isolamento social, vetores de transmissão do vírus a mais gente.
Enquanto o presidente anuncia um churrasco para hoje, quando o Brasil deve conhecer a décima-milésima vítima da doença, em um grupo de rede social um participante reclamava do prefeito de São Paulo por restringir a circulação na cidade que, ao lado de Santos, vive a pior situação do país. Prontamente uma enfermeira comentou sobre o terror vivido no front: em quatro dias, ela havia perdido doze pacientes!
O desdém presidencial à vida não se limitou aos movimentos espargidores de que ele participa. Ao lado de “líderes” empresariais, que desonram a memória de Roberto Simonsen, o Patrono da Indústria brasileira, participou de uma “Marcha da Morte”.

No momento que a frenética Coreia vive a sua segunda onda, quão essencial é trocar agora de carro ou de acrescentar algumas polegas ao aparelho de TV, exceto para mostrar a ascendência da curva de infecção ou mudar a decoração da garagem?
Em meio à discussão da urgente ajuda financeira à defesa da vida por Estados e Municípios, algumas categorias de servidores públicos somaram-se aos profissionais da saúde e da segurança que não terão seus salários congelados.
O propósito original do Presidente, todos lembram, era reduzir em 25% a jornada e os salários de quem está combatendo a doença desde a linha de frente até serviços de Estado para permitir que mais gente possa ficar em casa, como os Especialistas do Banco Central encarregados de garantir um sistema financeiro sólido e eficiente, ao lado da manutenção do poder de compra da moeda.
Nesta trágica semana, a promessa de Bolsonaro é de veto não ao aumento de salário, mas à simples condição de negociar que professores e outros há muito desvalorizados poderiam ter neste momento grave.

Nos identificamos com a nova música de Ivan Lins sobre a beleza que vem das janelas. E, no Dia da Vitória, sorvemos a linda apresentação do MPB4 que, além da canção-título deste artigo, nos renovou a certeza de que, apesar dele,
Amanhã via ser outro dia!
Já eram altas horas de ontem em Barcelona quando a prefeita Alda Colau nos afirmou: “em meio à crise sanitária, social e emocional, todo o investimento público é para salvar vidas”; “temos que nos cuidar, primeiro de tudo a vida”
Vamos vencer a pandemia e sair mais unidos. Feliz Dia das Mães, separados mas cada vez mais juntos pela vida que elas nos legam.