
Ao levar alguns suprimentos ao Bom Retiro, necessários para evitar que minha mãe e irmã saíssem de casa – sim, os feirantes e a farmacêutica gentilmente levaram muita coisa até a residência -, deprimiu-me ver o comércio fechado no caminho.
A própria José Paulino estava com a circulação de veículos interrompida, já que todos cumpriam o dever de isolamento, imposto pela realidade da pandemia.
Na sexta-feira de aplauso aos profissionais de saúde recebi um áudio da psiquiatra botucatuense Albina Torres, chefe da respectiva cadeira na Faculdade de Medicina de lá. Pena que aqui não se pode reproduzir, mas ela diz o seguinte: os transtornos mentais neste período de crise coletiva são normais, mas podem servir de alavanca para um amanhã mais saudável, mais humano se todos nos mantivermos conectados ao máximo.
O que lemos, no entanto, nem sempre ajuda. Um outro psiquiatra comentou que a prateleira vazia é antiga técnica de marketing para vender mais. Faz aflorar o medo das carências e impulsiona o consumo desnecessário. Agora cobra um preço alto: desnecessárias aglomerações no comércio de alimentos e papel higiênico.
Além do bom comportamento individual, o que cabe fazer? Servimo-nos das lições do Dr. Jorge Venâncio, cujo projeto você pode ler na íntegra em sua quarentena. É baseado na estratégia de quem conteve mais rapidamente a propagação do vírus.
Para isso a ação do Estado se faz ainda mais necessária e incisiva. Mais do que dezenas de milhares de leitos, que podem ser até quartos de hotel adaptados, é preciso testar todo mundo, antes mesmo dos sintomas, e prover um respirador para cada enfermo – podem ser de 20 a 40 mil, segundo as estimativas de especialistas.
Ao contrário do que se espera de um governo comprometido com o povo que habita a Nação, e aqui não falamos do empenho de governadores e prefeitos, que até à China pedem ajuda, o plano oficial fala em corte de salários daqueles que estão nas ruas para que todos os outros possam ficar em casa.
No Reino Unido, 80% dos salários de quem está impedido de trabalhar pelo esforço de contenção será pago pelos cofres públicos. Aqui, uma redução de renda que pode chegar à metade dos salários.
Além da depressão psíquica, um passo para a depressão econômica.
Em O caminho para o amanhã vários especialistas do Banco Central apontaram ideias de como atravessar a crise sanitária e atingir com um mínimo de danos à vida da país o estado de coisas que a Dra. Albina prevê – e o Dr. Jorge estabelece o plano de ação na Saúde pública.
A “gripezinha” do aniversariante do dia mostra o seu desprezo à vida dos brasileiros assustados com o ritmo europeu de progressão da doença.
Tamos juntos, fora bolsonaro
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