A polêmica do déficit zero

O Espaço Plural da Rede Estação Democracia, apresentado pelo jornalista Sólon Saldanha, tem programação voltada ao debate de temas de relevância pública. Rudolfo Lago e Benedito Tadeu Cesar completam a equipe do programa.

A sexta edição contou com o doutor e m economia e especialista em gestão governamental Paulo Kliass, para conversar sobre o déficit zero e outras armadilhas econômicas que afetam o governo federal.

A Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2024 preconiza um resultado primário de R$ 0,00, orientando um equilíbrio entre receitas e as depesas primárias – aquelas que não são financeiras, como os juros da dívida pública, ilimitados e prioritários no pagamento.

Kliass explicou que esta é uma situação rara no mundo, em que os orçamentos públicos dos países consideram prováveis deficites. Ele lembrou dos compromissos de Lula de fazer mais e melhor que em seu mandato anterior e, parafraseando Juscelino, realizar 40 anos em 4. Missão incompatível com o “deficit zero”.

O importante, segundo o especialista, é o Estado recuperar a capacidade de investir e implementar políticas públicas de interesse social, o que implica em maiores gastos e inclusive na emissão de moeda.

Paulo Kliass associou a avaliação do governo Lula estar abaixo da esperada à propostas como o salário mínimo não ter sequer R$ 18 de aumento acima da inflação – bancados depois pelo próprio presidente -, a austeridade fiscal remanescente no novo teto de gastos, os juros mais altos do mundo e o PAC, especialmente na parte vinculada à reindustrialização, avançar em marcha lenta.

Ele não se mostrou otimista com o próximo exercício, em que se estima um crescimento do PIB entre 1 e 1,5%. As crises internacionais têm tido pouco efeito sobre a economia local, até porque favorecem a alta dos preços das comódites, melhorando as exportações do pais.

Como observaram os comentáristas, é preciso ousadia de Lula para fazer 40 anos em 3, já que o primeiro ano de governo está praticamente no fim.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo e da Engenharia pela Democracia, conselheiro da Casa do Povo, Sinal, CNTU e Aguaviva, membro do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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