
André Lara Resende
Economista e um dos fundadores do Plano Real
“O Brasil continuará a ter a taxa real, descontada a inflação, mais alta do mundo, quase 8% ao ano. A razão? A necessidade de ancorar as expectativas. Expectativas de quem? Do mercado financeiro, divulgadas pelos seus próprios analistas”
Ao artigo de Lara Resende, a Hora do Povo traz a seguinte introdução:
O economista André Lara Resende, em artigo publicado no Valor Econômico, nesta terça-feira (7), afirma que “Se quisesse, o BC poderia fixar toda a estrutura a termo das taxas da dívida, como já faz há anos o Banco do Japão, e acabar com as pressões alarmistas para elevar ainda mais a já injustificavelmente alta taxa básica, em nome de um “risco fiscal” inexistente”.
“Mesmo diante de resultados muito mais favoráveis do que o esperado, os analistas e a mídia redobram sua histeria em relação ao tal do “risco fiscal” e clamam por juros ainda mais altos. A razão é a PEC da Transição, o terceiro governo Lula, dirão. A PEC da Transição autorizou despesas em torno de 2% do PIB. A alta da taxa básica de juros, promovida por canetadas do BC desde o início de 2021, custou quase o dobro desses 2% do PIB, só em 2022. Faz sentido?”, questiona Lara Resende.
“Ou seja, independentemente dos dados e da realidade, decide-se que o risco fiscal é alto. Estipula-se que o risco fiscal determina as expectativas de alta da inflação e que a alta dos juros irá reverter o quadro. Como? Não fica claro, dado que a alta dos juros aumenta o serviço da dívida e agrava o risco fiscal. Pouco importa, todo mundo sabe que expectativas desancoradas provocam inflação e que juros altos controlam a inflação. Portanto, é preciso manter os juros altos, premiar os rentistas e inviabilizar os verdadeiros investimentos na expansão da capacidade produtiva, na infraestrutura e na descarbonização da economia”, afirma no artigo que reproduzimos na íntegra.
Também Fernando Nogueira da Costa tece suas considerações sobre os temas abordados em Desancoragem das Expectativas e Círculo Vicioso da Economia Brasileira, no qual elaborou o quadro seguinte sobre a situação fiscal do Brasil, em que propõe assumir tanto ” tanto a “responsabilidade social quanto a responsabilidade fiscal“, não se restringindo à primeira.
Um comentário em “O precipício fiscal e a realidade”