
O presidente Lula anunciou, em seu discurso de posse, a suspensão dos processos de alienação do patrimônio público que se encontravam em andamento, frustrando o açodo dos que “se organizaram para arrematar o leilão”, para emprestrar as palavras de Frederico Bussinger.
Especialista em logística, o engenheiro do Idelt tratou no Periscópio os casos dos portos brasileiros alvos da privatização, destacando que Santos é um porto plural e consolidado, servido por malha ferroviária e gargalos nos acessos marítimo e rodoviário. Difícil crer que adquirentes se empenhem como o país para ampliar o fluxo em toda a costa e rios brasileiros.
No apagar da luzes do governo que se encerrou em 2022, os novos donos da Eletrobras preferiram recomprar ações com vantagem pecuniária a abaixar as tarifas para os consumidores residenciais e empresariais. Uma das refinarias privatizadas há um semestre reajustou o preço dos combustíveis, para cima, já por três vezes em um mesmo mês.
Uma experiência pessoal da virada do século:
Seguíamos pelo sistema Anhanguera-Bandeirantes para uma reunião de negócios em Campinas, cujo trevo de acesso encontrava-se em obras de ampliação. Meu sócio exclamou as vantagens do novo concessionário privado. Relembrei que fazia um ano que a estrada foi privatizada, após o governo do Estado se declarar incompetente para cobrar o pedágio; um ano de arrecadação para fazer a primeira obra, zero de investimento. Obra feita com uma parte do dinheiro dos usuários, que não se consumou em salário nem em apropriação do lucro fácil do negócio arrecadatório.
O caso vem à memória quando por ela circulamos a São Carlos para o almoço de quarenta anos de formatura. O preço dos pedágios competiu bem com o custo da agradável refeição.
Ainda nos anos 90 costumava-se dizer, as pessoas de fé, que Deus fez os caminhos, Quércia fez as estradas e os tucanos os pedágios.
Afinal, para que facilitar a mobilidade de todas as pessoas e cargas, se é possível que os donos do capital lucrem com isso?