Após avaliar o papel da poupança na formação da renda popular, Oreiro reforça o papel da indústria de transformação na elevação da renda média dos países que a detém, pois sua participação no PIB “tem um impacto positivo e estatisticamente significativo sobre o nível de renda per-capita dos países”. Mas só isso não parece bastar para explicar as diferenças internacionais: a propriedade dos capitais e as consequentes transferências da chamada mais-valia do trabalho, embutido nas mercadorias naturais ou processadas, eleva as possibilidades de maior renda total nos países titulares dessas participações, em detrimento daqueles em que a posição subalterna na cadeia produtiva e de trocas global implica em média muito mais baixa.
Indústria, sim. Mas a propriedade nacional, pública ou privada, é que garante a retenção dos seus frutos dentro do território e possibilita a distribuição da sua renda de acordo com a lei nacional.
Nas últimas semanas tenho escrito neste espaço e no blog do Corecon-DF (https://corecondf.org.br/a-misallocation-ou-alocacao-ineficiente-de-recursos-explica-o-desenvolvimento-desigual-algumas-consideracoes-a-partir-da-literatura-de-crescimento-e-desenvolvimento-economico/?doing_wp_cron=1650208246.2216649055480957031250 e https://corecondf.org.br/diferencas-na-taxa-de-poupanca-e-no-capital-humano-explicam-por-que-os-paises-ricos-sao-ricos-e-os-paises-pobres-continuam-pobres/?doing_wp_cron=1650208276.2210750579833984375000) artigos nos quais argumento que a assim chamada “teoria convencional” (leia-se teoria neoclássica) tem uma enorme dificuldade para explicar a magnitude das diferenças internacionais dos níveis de renda per-capita. A teoria convencional procura explicar essas diferenças a partir de dois elementos distintos.
O primeiro seria aquilo que um economista liberal brasileiro denominou recentemente de “produtividade intrínseca da economia”, mas que na academia é denominada de “produtividade total dos fatores de produção” (PTF). Esse conceito, criado originalmente por Solow (1957), nada mais é do que a parcela do crescimento econômico que não pode ser explicada pela expansão dos fatores de produção, a saber: capital e trabalho. Em outras palavras, a PTF é simplesmente um resíduo que a teoria convencional não é capaz de explicar, sendo portanto “a medida da nossa ignorância” nas palavras de M. Abramovitz
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