Hoje estais com o governo, amanhã sereis governo

Propositadamente trouxemos o título do capítulo 18 do Pensamento Nacional-desenvolvimentista para a linha fina, de modo a não causar qualquer confusão com o tempo presente, em que no governo estão genocidas e corruptos, em posição diametralmente oposta aos interesses nacionais e valores do trabalho.
Em sua derradeira saudação aos trabalhadores pelo Dia do Trabalho, Vargas trouxe a “boa nova” do reajustamento do salário-mínimo, calculado para dar então vida digna em retribuição ao esforço laboral. O valor definido à época equivale a cerca de R$ 5,5 mil nos dias de hoje.
Getúlio demonstrava de viva voz a necessidade, a possibilidade e a justeza da medida:
A rápida industrialização e a expansão econômica do país geraram uma acentuada desproporção entre o nosso surto de progresso e o nível dos salários. O crescimento vertiginoso da arrecadação do imposto de renda, que subiu de 310 milhões em 1939 para 10 bilhões em 1953, mostra que o aumento da riqueza privada e o vulto dos lucros das classes abastadas estão em contraste chocante com o índice dos salários.
A valorização do trabalho não se limitou à retribuição pecuniária pela produção dos trabalhadores: várias medidas unificavam e ampliavam a assistência social à doença e velhice dos trabalhadores e seus dependentes, para futura consolidação no Estatuto da Previdência Social; a prevenção a acidentes de trabalho foi intensificada; foi criado o auxílio-maternal e o sistema de refeições nos locais de trabalho beneficiaram 15 milhões de trabalhadores todos os dias; e foram estabelecidas as bases para assegurar aos rurais isonomia de benefícios com os industriários.
Ciente do fim próximo do seu governo, o presidente lembrou que “o que já obtivestes ainda não é tudo. Resta ainda conquistar a plenitude dos direitos que vos são devidos e a satisfação das reivindicações impostas pelas necessidades.”
E deixou instruções para o prosseguimento da luta pela emancipação do Brasil:
Deveis apertar a mão da solidariedade, e não estender a mão à caridade. Trabalhadores, meus amigos, com a consciência da vossa força, com a união das vossas vontades e com a justiça da vossa causa, nada vos poderá deter.
O capítulo 19 da obra ciada traz a bastante conhecida Carta-testamento, que Getúlio legou aos brasileiros em 24 de Agosto de 1954. Já tivemos oportunidade de publicar a íntegra em Dr. Getúlio, a famosa canção de Chico Buarque e Edu Lobo.
Um comentário em “Getúlio Vargas e o 1º de Maio de 1954”