VAZIO
De generosa crueldade
A atualidade é plena
Poesia alivia a pena
Com a morte
Ninguém se conforma
Tudo que transcende
Nos transtorna
Quando deveriam promover os negros implodiram Palmares;
Quando deveriam apoiar povos indígenas deixaram aos azares;
Quando deveriam promover a saúde
Sequer saldaram;
Uma palavra ressoa
Nessa noite de estio
“Vazio”
O estropício
Não é esfinge
Quem não o decifra
finge
SAGA
Eu não serei povo
De qualquer outro país
Eu não sou de outra nação
Se não a brasileira
Eu não serei alemão
Como os pais dos pais
Da mãe de minha mãe
Tão pouco serei italiano
Como os pais do pai
De minha mãe
Não serei africano
Como os pais
Do pai de meu pai
Nem serei português
Lino ou Pinto
Serei sempre o estupro
Condescendido
Fruto do desfrute
Da miscigenação
No ventre da índia “bugre”
Apanhada a laço
Em verdes matas
Por um escravo liberto
Pai do pai de meu pai
No incontinente Brasil


