Ubiraci Dantas de Oliveira, presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, trouxe Nilson Araujo de Souza* para explicar porque ainda estamos vivendo a incompleta terceira revolução tecnológica, não cabendo ainda fala em “indústria 4.0”.
O signo de uma revolução tecnológica é o crescimento exponencial da produtividade do trabalho, ensina o professor. Para isso, o domínio de nova matriz energética é essencial. Do contrário, haverá tão somente evolução no aproveitamento das forças produtivas.
Antes da primeira revolução industrial, o avanço da Humanidade devia-se à energia dos seres vivos – humanos entre eles – e ao aproveitamento de forças da Natureza, como os ventos e quedas d’água.

No final do século 18 e início do seguinte, o advento do vapor como fonte energética possibilitou o uso de maquinário propiciador de um crescimento 7.700% na produtividade do trabalho industrial e agrícola, consolidando, principalmente a partir da Inglaterra, o modo de produção capitalista.
O novo salto deu-se cem anos depois, com os motores à explosão movidos a combustíveis fósseis e, principalmente, a geração e distribuição de energia elétrica. Nesse tempo, o pólo econômico hegemônico atravessou o Atlântico e deu passo à fase monopolista do capitalismo, o imperialismo, com os EUA assumindo o controle global do capital financeiro.



O destrutivo evento do final da segunda guerra mostrou ao mundo uma nova fonte de energia – a nuclear -, cujo controle ainda não é pleno até os dias de hoje, daí a incompletude da revolução técnico-científica.
Se as duas precedentes tiveram o condão, seja pela extrema penúria dos tempos da primeira como o movimento migratório do segundo tempo, de absorver a mão-de-obra naturalmente sobrante ante à tecnologia, o mesmo não acontece com esta terceira etapa, em que parece haver massiva substituição de pessoas por sistemas informatizados e máquinas “inteligentes”.
Há décadas a economia arrasta-se com crescimento próximo ao aumento populacional, exceto na China que, em 30 anos, passou de uma fração da economia estadunidense para um patamar superior à aquela. Um país onde o Estado dirige os esforços para aproveitar ao máximo a capacidade dos cidadãos em produzir cada vez mais.
Sem o domínio da energia nuclear nem crescimento exponencial da produtividade, não se pode dizer que os experimentos em inteligência artificial, de uso ainda restrito na produção, já tenham conduzido a espécie humana a outro degrau produtivo, conclui o economista. Aquele onde todos possam trabalhar menos horas e dedicar mais tempo à cultura, ao lazer e à formação das novas gerações, em um mundo de abundância material no qual o próprio dinheiro não mais seja necessário.
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