
Reproduzo crônica nossa de dez anos atrás, sobre o comércio especializado paulistano, do Bom Retiro ao Brás, que nos parece atual:
Sou filho do Bom Retiro, morava ali pertinho do Jardim e da Estação da Luz. Cresci na lojinha, comerciantes que eram meus pais na José Paulino. E por longo tempo andei pelas ruas dessa região que hoje se concebe como Nova Luz.
Merece ser revitalizada, porém sem perder o seu eterno charme do comércio especializado.
Se partirmos da Estação, veremos a José Paulino e suas confecções, a Helvetia e seus automóveis, a Duque das autopeças e a Guaianases dos motociclistas. Logo à frente a Santa Ifigênia, o coração elétrico e luminoso de São Paulo, a Florêncio e suas ferramentas, a 25 de Março com seus armarinhos e praticamente tudo. Cruzando o Tamanduatei chegamos à Gasômetro com madeiras e ferragens, logo depois à zona cerealista, vizinha do Mercado, logo à Leste todas as confecções do Brás, mais ao Norte o Pari e seus presentes, e voltamos à Luz pela São Caetano das Noivas.
Gente de todo o Brasil, até de fora acho, vem aqui comprar do bom e do barato. Cada vez mais importados, ou produtos feitos com material importado. Talvez só as madeiras e cebolas sejam genuinamente brasileiras. Obra da natureza e dos brasileiros.
Acho que somos um povo capaz de fazer tudo aquilo que vendemos e consumimos. Não se trata de pagar mais caro, de reduzir lucros ou salários. São políticas públicas que se fazem necessárias para incentivar o comércio da produção nacional, e isso, se o editor nos permitir, é tema que pretendemos voltar em breve.
Publicado originalmente no Santa Ifigênia News, edição de 17.5.2011.
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