
Quem é do século passado certamente lembrará que os Correios Brasileiros já dividiam com os Bombeiros o reconhecimento popular como instituição mais confiável do Brasil.
Não é sem razão. 91% dos municípios brasileiros são atendidos pelos cem mil funcionários da estatal, dos quais 57 mil são carteiros. São mais de 11 mil agências e 25 mil veículos espalhados pelo país, além de sete linhas aéreas conectando os brasileiros e visitantes em todos os rincões deste país continental.
Para falar da cobiça internacional por esse patrimônio construído por gerações, Douglas Martins e Rodrigo Bertolino trouxeram ao seu Jornal da Manhã da RBA Litoral o agente postal Marcio Farina, dirigente da categoria no Guarujá, e o economista José Pascoal Vaz, de Santos.
O apresentador recordou recente entrevista com o Senador Roberto Requião, em que o parlamentar associava as privatizações a um processo de recolonização do Brasil. E lançou a pergunta: se a missão dos Correios envolve até a segurança nacional, por que o desejo oficial de privatizar?
Marcio Carteiro, como é conhecido o líder da categoria, destacou que “Nossos Correios” é uma empresa lucrativa e tecnologicamente avançada, mas que carece de investimento em mão de obra e direção comprometida com seu imenso papel social. De remédios a móveis, de urnas eletrônicas a água, todos os dias são entregues 1 milhão de encomendas, muitas vezes em socorro aos atingidos pela pandemia e outros desastres naturais.
Com tarifas das mais baratas do mundo e eficiência que também ocupa liderança internacional. Farina lembrou ainda que os Correios cumprem sua função de Estado sem qualquer recurso aportado pelo Tesouro Nacional, antes o contrário. De 30 experiências de privatização no exterior, dois terços estão sendo revertidas.
Pascoal lembrou que, se o algoritmo de fixação de preços é preciso, os parâmetros nem sempre correspondem à realidade. Lembrou do exemplo da Usiminas e da Vale. Aquela custou 20% de avaliações razoavelmente conservadoras e esta foi vendida pelo lucro de um ano!
O que dizer dos 18 bilhões de preço para os Correios? Certamente, segundo o economista, ativos intangíveis como a sua força de trabalho que conhece a nossa gente e a inteligência logística da empresa, formulada pelos funcionários brasileiros, não estão computados no preço. Nem a segurança das informações transitadas no sistema.
Como no saneamento ambiental, os interessados querem pagar pouco e operar só as praças lucrativas, de preferência com as tarifas que praticam em outros cantos do mundo.
Um dos pretendentes promete até usar drones para fazer as entregas. Se a tecnologia existe, nós podemos usa-la; mas sem jamais desumanizar a troca de informações e mercadorias tão importante para a imensa Nação que estamos a construir.
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