
Em meio à plêiade de avaliações do desenvolvimento da pandemia global e seus efeitos sobre a nossa gente, a difícil arte de filtrar os comentários relevantes, para não dizer do descarte imediato das tristemente famosas fake news, mostra-se um exercício conveniente para estes tempos de isolamento social.
Segundo o portal do governo italiano dedicado ao Nuovo Coronavírus, a média de idade dos que pereceram era de 80 anos até 17 de março – 5 homens com menos de 40 anos foram a óbito. Quase todos os falecidos eram acometidos por doenças pré-existentes.
O isolamento social, em que pese o mau exemplo contrário do próprio Presidente da República, cujos colegas de viagem deram quase todos positivos para a infecção, é medida recomendável, embora inédita no Brasil. Mesmo a gripe suína, dezenas de vezes mais letal, não ensejou o fechamento do comércio e o trabalho em casa como agora.
Especialistas da Saúde Pública que trabalharam com moléstias como a raiva e o ebola trouxeram expectativas que todos seremos contaminados. A contenção visa não a impedir o contágio global, mas distribui-lo ao longo do tempo para que o mesmo ventilador possa ser usado por mais doentes, um de cada vez durante o ciclo da doença.
E por que são duas as chagas a serem dizimadas?
Em Vai comer o quê? noticiamos expectativas otimistas de 25 milhões de desempregados ao fim da crise sanitária. Hoje a XP Investimentos já fala em 45 milhões. Qual a resposta do governo central?
Cortar benefícios, cortar salários, reduzir a jornada dos servidores públicos que estão nas ruas salvando vidas, proibir prefeitos e governadores de cuidar do povo e – pasmem – adiar as eleições municipais, desacatar governos estrangeiros e colocar o país em Estado de Sítio.
Com um comportamento assim paranoico, não é a toa que as janelas aplaudem os heroicos trabalhadores da saúde, da segurança e da distribuição dos alimentos e batem panelas pela abreviação do governo.
PS: a manchete de hoje noticia a suspensão do contrato de trabalho por até quatro meses, sem salário. O autor da ordem? Jair Messias Bolsonaro.