É o máximo?

O Presidente da República assegurou ontem que está fazendo o máximo possível diante do coronavírus. O recado foi dirigido a dois destinatários. Um deles são os incautos.

O que soava como um pedido de desculpas por não ir além foi exatamente um, uma vã explicação ao mercado de que mais couro não conseguiria extrair da brava gente brasileira que sofre com a pandemia.

Senão, vejamos.

Os direitos trabalhistas foram dizimados pelos últimos governos. A pá de cal foi o engodo do empreendedorismo, aquela história de ser dono da própria bicicleta e pedalar o quanto aguentar para tentar fazer a feira na semana seguinte. Sem qualquer proteção legal ao seu trabalho ou garantia trabalhista das plataformas eletrônicas que intermedeiam o serviço, resta agora à essa gente recorrer ao voucher de R$ 200 para repor as energias, nestes tempos de comércio fechado.

No ano passado foi a vez da previdência. Mais tempo de trabalho, mais tributos e menos benefícios, além da os bancos ganharem a adminstração dos fundos de pensão. O recurso sobrante no caixa público foi limitado quanto a gastos com educação e saúde, mas liberado para o pagamento dos juros ao grande capital.

Em meio à crise global, novo alvo de achaque: os salários de quem trabalha. Não contente o freguês com o corte de metade da folha de pagamentos, o governo bem que tentou – e por algumas horas surtiu desalentador efeito – suspender completamente os ganhos de quem tem que ficar em casa, tudo para evitar às empresas pagarem os direitos que ainda restaram aos trabalhadores.

Não colou, mas o “Plano B” da redução da jornada com corte de salários paira no ar, mais letal ainda que o vírus.

Se esse foi o máximo de entrega que ele conseguiu até agora, temo em pensar sobre o que lhe foi pedido pelos senhores do dinheiro.

É postura de brasileiro essa da familícia Bolsonaro? Menos ainda é o que se espera de um Presidente do Brasil.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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