O grito dos incluídos

Na esquina de casa, quem passou de carro ecoou o grito preso na garganta de quem estava nas janelas dos apartamentos. Os poucos transeuntes pararam para fotografar e aplaudir. Mesmo separados no combate coletivo ao vírus, todos se juntaram em uma orquestra de panelas em defesa do futuro do Brasil.

O chamamento unânime das Centrais Sindicais, dos professores e estudantes e dos servidores públicos tão demandados nestes tempos de pandemia causou reflexos desde que começaram a circular os muitos cartazes nas mídias sociais.

Dois horários foram publicados e, por duas vezes, o brado retumbante da brava gente brasileira se fez ouvir. Mais que nunca, direitos precisam ser preservados, a começar pelo direito à vida, ao trabalho digno e à livre manifestação.

O capitão messias já havia desafiado o Brasil rompendo a quarentena que deveria cumprir de forma exemplar. Não satisfeito, passando recibo, para usar a expressão popular, chamou um contrapanelaço para meia hora mais tarde da noite deste 18 de Março. A resposta das janelas foi um sepulcral silêncio.

Como preconizou Edna Rueda, vamos sair mais fortalecidos dos virulentos ataques contra a saúde e contra a democracia. Um bom filtro de som permitiu ouvir entre os batuques:

“Do ponto de vista individual, a morte vence a vida. Mas do ponto de vista coletivo, é a vida que vence a morte.”

Cláudio Cardoso de Campos

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

2 comentários em “O grito dos incluídos

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