Hora do voto: existe terceira margem do rio?

Nivaldo Santana, no Vermelho

Como afirmou Lula sobre o papel da frente ampla para vencer Bolsonaro no primeiro turno e reconstruir o país: “esta é uma reunião dos divergentes para vencer os antagônicos

Na reta final da campanha, as pesquisas consolidam pelo menos três dados importantes: Lula lidera a preferência do eleitorado e está em crescimento; Bolsonaro é resiliente e mantém a segunda colocação, embora já tenha batido no teto; e a terceira via se mostra inviável.

É neste quadro de polarização que os partidos e os candidatos estão chamados a se posicionar. Pelo andar da carruagem, pode-se afirmar que nas eleições deste ano houve uma antecipação do segundo turno para a eleição presidencial.

Certo que a democracia admite o direito legítimo de manter candidaturas até o fim, mesmo que não tenham alcançado densidade eleitoral suficiente para a disputa. No jargão político, é o candidato que marca posição, sem pretensão de alcançar a vitória.

Os advogados da manutenção das candidaturas presidenciais a qualquer custo falam que a eleição em dois turnos é assim mesmo: no primeiro turno você escolhe o melhor e no segundo o “menos pior”. Essa tese teria legitimidade se o país vivesse um ambiente democrático.

Não é o caso. Os arroubos autoritários e golpistas do bolsonarismo e suas falanges de extrema-direita colocam em sério risco a manutenção das regras democráticas das eleições e o respeito aos seus resultados. Quem tem olhos para ver sabe disso.

Além do desastre do governo no terreno econômico e social, a principal marca do flagelo bolsonarista é o desdém com a Constituição, as instituições e as regras elementares do jogo democrático. Ele chegou a afirmar que só sai da presidência morto ou preso.

Nessas situações excepcionais, onde a defesa da democracia se sobrepõe às diferenças programáticas, é justo e necessário o movimento em curso pelo chamado voto útil. Liquidar a fatura no primeiro turno é o movimento necessário para recolocar o Brasil nos trilhos.

O país precisa dar um basta à violência, ao clima de ódio, à desesperança e à desconstrução em todas as áreas. Mais do que nunca, é essencial a unidade de amplas forças políticas e sociais para tirar o Brasil do atoleiro que está metido.

Tarefa desta envergadura é demasiado grande para ser feita só por um candidato ou um partido. É indispensável a união da imensa maioria da nação para restabelecer a democracia, criar regras civilizadas de convivência e enfrentar os gigantescos gargalos econômicos e sociais.

A candidatura presidencial da chapa Lula/Alckmin conta com nove partidos políticos. Durante a campanha, novos apoios surgiram: lideranças do mundo cultural, religiosos, da universidade e empresariais vieram se somar aos movimentos sociais que desde o início estão com Lula.

A poucos dias das eleições, este é o centro do debate. A vitória da chapa Lula/Alckmin é o primeiro e indispensável passo para abrir um novo ciclo político no país. Nessa caminhada, todos os que colocam os interesses da nação acima dos particularismos não podem se omitir.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, conselheiro da Casa do Povo, EngD, CNTU e Aguaviva, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

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