
Quando em 2005 era editado Um Homem do Mundo, prefaciamos a obra de José Aron Sendacz como abaixo. Sendo no Brasil o Dia dos Pais, republicamos em homenagem a todos aqueles que se dedicam a seus filhos serem melhores que si próprios.
Nós, os mais jovens, a quem o Brasil agraciou o português como língua pátria, éramos até há pouco leigos no que expressava em idishe o José Sendacz.
Muitas histórias ele nos contou em português, numa versão daquilo que foi criado por nossos ancestrais. Mas a expressão própria, dele mesmo, foi realizada na língua idishe, que considerava como seu idioma natal e ao mesmo tempo multinacional da cultura judaica.
Felizmente nos chegam as brilhantes versões preparadas, com apoios, pela Hugueta Sendacz, sua esposa e incansável lutadora pela perpetuação de sua obra e da cultura em idishe como um todo.
Como são atuais essas obras e proposições de 50, 60 anos atrás. Quanta coisa ali desperta que ainda não foi resolvida. Novos personagens ocupam a história de hoje no lugar dos heróis e vilões que lemos em José Sendacz. É uma história que precisa continuar sendo escrita.
A cultura contra a barbárie.
É como uma corrida de revezamento, onde o bastão que ele nos passa, como seus filhos e como filhos do mundo, deve ser conduzido com a honra da herança recebida, e levado a todos os que conosco convivem e aos que no futuro virão.
Muito se turvou sobre a história recente dos judeus e da humanidade, sobre aquilo que José Sendacz construiu. Ele mesmo expressou suas dúvidas, e nem todas pôde aclará-las ainda em sua existência. O que realmente importa é a crença que nos legou nos mais elevados valores da condição humana, que sempre o manteve de pé. Nos dias de hoje muito já se aclarou, estamos mais seguros que ele trilhou o bom caminho, e, graças à sua contribuição, estamos mais aptos a prosseguir na luta contra o obscurantismo e na construção de um novo Homem e um novo mundo.
A fé em que me criei, na casa de José Sendacz, não arrefeceu em mim nenhum centimetro. Pelo contrário, a cada injustiça que ocorre, ela se fortalece, a sua luta continua. A cada exemplo de realização revolucionária, a certeza cresce, a sua imagem pereniza.
Esse antigo, eterno compromisso com um mundo justo, solidário, humano está agora impresso e à disposição de todos. Grande sorte a nossa.
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