O professor Ricardo Plaza e seus alunos do Instituto Federal de São Paulo – campus Caraguatatuba – trouxeram o doutor em Filosofia e professor universitário aposentado João de Fernandes Teixeira para conversar sobre a mente humana.
O objetivo, segundo os organizadores, foi o de abordar “o tema da Filosofia da Mente e as tentativas de explicações para a natureza mais fundamental dos fenômenos psicológicos, incluindo investigações sobre a natureza da consciência, da mente e dos estados mentais em geral”.
João começou pela questão elementar: o cérebro é receptáculo da mente ou ela é produto da atividade do cérebro? Para ele, é sabido que a mente tem vida independente do metabolismo do cérebro, embora por ele facilitada. Mas persiste à morte física do hospedeiro? Para os monistas, materialistas, não. Em contraposição, os dualistas acreditam na sobrevivência da vida mental após cessar a vida do cérebro.
Um dos aspectos derivados deste debate tem a ver com a responsabilização individual por atos cometidos: Ela é fruto da confrontação da prática de cada um com um sistema ético e moral coletivamente aceito. Mas a ação decorre de própria vontade ou vem de comando externo ao ser?
Para o filósofo, mente e consciência são a mesma coisa. Ele discorreu sobre a inteligência artificial, primeiramente ideada por Alan Turing, na primeira metade do século passado. De uma estrutura física suficientemente complexa brotará necessariamente uma consciência? As experiências mais recentes procuram criar uma rede neuronal biológica e viva associada por eletrodos a um computador, capaz de aprender alguns comportamentos e desprezar outros, mas estão longe ainda de gerar um ser bioeletrônico dotado de inteligência e consciência como os humanos.
Como os humanos? Como é possível autodeterminar se a espécie é dotada desses predicados? É mais um paradoxo para que cientistas de múltiplas especialidades busquem uma resposta senão satisfatória, ao menos útil.
O convidado explicou sobre a questão funcional. Mais importante que o meio físico, se a máquina fizer o que dela se espera, talvez seja o suficiente. Por exemplo, um aparelho de diálise que filtra o sangue de forma semelhante ao rim biológico já seria satisfatório.
Mas e a mente? As máquinas podem armazenar e processar dados em quantidade muito maior e mais rapidamente que os humanos, mas parecem desprovidas de critérios de relevância para selecionar o que realmente importa para o avanço da vida. Será sempre um algoritmo, de resto incapaz de hesitar diante de uma situação concreta.
Muito do que se sabe e faz em termos de inteligência artificial foi capturado pelo mundo empresarial. Google e Apple, com seus mapas detalhados e processadores de última geração estão desenvolvendo os carros autônomos. Mas a geringonça pode ser responsabilizada se se envolver em um acidente de trânsito? Ou recairá sobre o fabricante humano a responsabilidade por qualquer dano causado?
Fernandes Teixeira deixa uma pergunta final: que tipo de criatura vai ser criada nesse processo? A vida contemplará só a biologia ou a sua combinação com a máquina?

São muito mais perguntas que respostas, apresentando um estupendo desafio à cognição e inteligência humanas.
Um começo de pesquisa pode ser apoiado pelo livro “O que é Filosofia da Mente?“, do palestrante, que pode ser baixado gratuitamente em versão digital.
Mas o próprio autor sugeriu, ao fim do debate, dois outros, o primeiro não por acaso chamado “Como ler a Filosofia da Mente?“; o outro título é “Filosofia do Cérebro”.