Mocinha

José Aron Sendacz

1.7.1939

Mocinha!

Vieste trazida pelas vagas do oceano,

Lançaste uma fagulha no meu coração

Percebeste e compreendeste

Mas mesmo assim desapareceste para sempre através dos mares.

Teu sorriso e delicadeza, a força do teu olhar,

Penetram em mim como raios ardentes,

Quero agora confessar meus emudecidos sentimentos

Através de versos, de rimas sonantes.

Quero agora bradar sobre minha dor e tristeza,

Expressar em palavras meu sofrimento.

Quero agora extravasar para ti meu jovem coração

Para que sintas também.

E quando mais tarde te enredares em memórias

Dê uma olhada neste pedacinho de papel,

Então, por um momento, te recordarás,

Te recordarás de mim.

Quando um simples vírus nos leva 500 mil vidas importantes no Brasil, resgatamos este antigo poema de meu pai, originalmente escrito em idishe e traduzido por Hugueta Sendacz, como homenagem a todos e cada um dos que já nos deixaram.

Publicado por Iso Sendacz

Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato dos Escritores no Estado de São Paulo e da Engenharia pela Democracia, conselheiro da Casa do Povo, Sinal, CNTU e Aguaviva, membro do Partido Comunista do Brasil. Foi presidente regional e diretor nacional do Sinal. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.

2 comentários em “Mocinha

Deixe um comentário