
A Hora do Povo consultou o economista Nilson Araújo de Souza para trazer aos leitores suas lições sobre a inflação atual do Brasil e a subida dos juros pelo Banco Central.
Segundo o professor, “basta anunciar que a tendência dos juros básicos é de alta que começa a apontar para um impacto negativo na atividade econômica”.
Foi além: “A equipe do BC está na contramão do que ocorre no mundo.”
HORA DO POVO: A elevação da inflação tem relação com alta da demanda?
Não, a pressão inflacionária que vem desde meados do ano passado não tem nada a ver com pressão da demanda. Com uma economia deprimida como a nossa, há já bastante tempo, mas agravada do ano passado para cá, com a emergência da Covid-19, a demanda não tem como pressionar os preços para cima. Com a forte capacidade ociosa, se houvesse crescimento da demanda, o mais provável é que estimularia o aumento da produção, e não dos preços. (+384 palavras, Hora do Povo)
HORA DO POVO: Como você avalia a alta da taxa de juros decidida pelo BC com o país em recessão?
Quanto à decisão do Copom do Banco Central de elevar a taxa básica de juros, a Selic, eu já havia cantado a bola em entrevista à HP em dezembro do ano passado. Aumentou agora a Selic de 2% para 2,75% ao ano e, segundo as vozes de mau agouro dos representantes do mercado financeiro, vai chegar a 4% ao final deste ano e a 6% no ano que vem. A equipe do BC está na contramão do que ocorre no mundo e inclusive do arremedo de teoria que costuma usar. Usa a versão mais burra desse arremedo de teoria. (+656 palavras, Hora do Povo)
Nilson Araújo concluiu a explanação assim:
O ultraneoliberalismo da turma de Guedes é pura burrice. Mas há uma explicação: encher de dinheiro as burras dos rentistas do sistema financeiro, os quais vinham aceitando juros básicos (Selic) mais baixos por duas razões:
- O que mais lhes interessa, sobretudo aos de fora, é o “juro longo”, ou seja, as operações de longo prazo, e esse “juro longo” tem estado alto, devido à “fuga de capitais”, desconfiados das loucuras de Bolsonaro, conforme sustenta o economista José Luís Oreiro;
- Porque receberam no ano passado cerca de R$ 1,3 trilhão do governo.