O emérito Doutor pelo Instituto de Tecnologia do Massachusetts (MIT, dos EUA), Noam Chomsky, deu-nos a honra de sua palavra em evento do Fórum Social Mundial, promovido pela Carta Maior, com tradução simultânea de Sergio Ferreira.
O linguista estadunidense reprisou seu entusiasmos de décadas, quando o Fórum foi instituído sob o lema Um Outro Mundo é Possível, em contrafação a Thatcher, Reagan e sua política neoliberal, “a única alternativa”. A exclusão social que se operou no centro e na periferia vem agravada não só pela pandemia, mas pelo aquecimento global fruto da ação predatória ao meio ambiente e de risco cataclísmico à vida no planeta; e o monstruoso estoque de armas nucleares.
Chomsky registrou que o esforço de acomodação dos interesses do capital privado internacional pelo governo Lula não produziu satisfação dos “senhores da humanidade” em relação ao Brasil; ao contrário, o aprofundamento dos dogmas econômicos de Van Mises et caterva está na origem, inclusive, da catástrofe que ronda um país famoso por sua pesquisa médica e história de vacinação, hoje dependente de solidariedade externa para ter oxigênio em seus leitos hospitalares.
A crise sanitária em seu país o aflige. A Nação mais rica e poderosa do mundo com gente morrendo nos corredores dos hospitais, albergando os piores índices sanitários da Terra. E o que o professor espera da sociedade pós-pandêmica?
Longe da elevação do bem estar geral das pessoas, Noam prevê renovado ataque à organização social da sociedade civil e diminuição da preocupação governamental com o atendimento às necessidades sociais. A destruição dos sindicatos facilita o caminho ao aprofundamento da desigualdade; “a solução dos problemas nacionais são confiadas aos ‘mestres da humanidade'”, como afirmava Ronald Reagan.
A privatização exacerbada, potencializada outrora por Pinochet e verbalizada pelo ministro brasileiro Paulo Guedes só tem servido ao enriquecimento das empresas gigantes e ao achatamento dos salários de quem trabalha.
Segundo o generoso cientista do norte, o botão “pânico” precisa ser acionado agora.